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Eleições autónomas Madrid

PP derrota esquerda em Madrid, com apoio da extrema-direita

04 mai, 2021 - 21:02 • Hélio Carvalho

O PP, liderado pela sua candidata Isabel Díaz Ayuso, derrubou a esquerda nas eleições autónomas antecipadas para a região de Madrid. Mas só consegue governar se o Vox entrar nos planos, que já pede eleições legislativas antecipadas

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A esquerda espanhola entrou para as eleições autónomas de Madrid desta terça-feira com esperanças de surpreender. Mas quem surpreendeu foi mesmo Isabel Díaz Ayuso, que liderou o Partido Popular (PP) a uma reeleição conseguida de forma esmagadora. Segundo as estimativas do "El País", o PP deverá ter mais deputados para a assembleia da região espanhola que toda a esquerda junta.

Com 97% dos votos contados, o partido de direita tinha já garantidos 65 deputados.

Ainda assim, a vitória não dará ao PP a maioria absoluta – uma maioria precisa de pelo menos 69 deputados (em 136). Para governar, Isabel Díaz Ayuso terá de negociar com o Vox, o partido de extrema-direita que elege 13 deputados na assembleia que poderá entrar assim na governação da maior e mais importante comunidade espanhola.

O PSOE, o maior partido da oposição de esquerda, passa de 37 lugares para 25 nas estimativas do "El País", uma queda demasiado grande para segurar o resto da esquerda. O movimento Más Madrid sobe de 20 para 24 e o Unidas Podemos passa de sete deputados para dez deputados.

A grande derrota da noite foi para o Nós Ciudadanos, que no espaço de dois anos desaparece da assembleia de Madrid. Em 2019, o partido de centro-direita conseguiu 26 deputados; esta noite, os primeiros resultados apontam para uma percentagem de 5% dos votos e sem representação parlamentar.

A pandemia não influenciou a afluência às urnas. Pelo contrário, a participação eleitoral às 19h00 já era 11% superior à participação em 2019 – 69,27%.

No seu discurso de vitória, Díaz Ayuso atacou o Governo de Pedro Sánchez e referiu que a vitória da direita era uma amostra do que conseguiria nacionalmente. "A forma de governar com opolência e hipocrisia tem os dias contados. Hoje começa um novo capítulo na história de Espanha!", proclamou a vencedora.

Mais tarde o primeiro-ministro daria os parabéns à vencedora. "As urnas deram a Ayuso um grande resultado e, acima de tudo, uma grande responsabilidade. Parabéns", escreveu o chefe do executivo e líder do Partido Socialista (PSOE) numa mensagem na sua conta na rede social Twitter.

Santiago Abascal, líder do Vox, congratulou a presidente reeleita, disse que o seu partido facilitaria o Governo e afirmou que os resultados provavam a necessidade de eleições legislativas antecipadas a nível nacional, porque a atual composição do Parlamento "já não reflete a nação".

Campanha conturbada com ameaças de morte à mistura

O caminho para as eleições arrancou quando Isabel Díaz Ayuso decidiu convocar um sufrágio antecipado. A decisão surgiu depois de duas moções de censura na comunidade de Múrcia e na câmara de Madrid, e o choque político teve um alcance nacional, tanto nos atores como na polémica.

A campanha de Ayuso foi sempre de âmbito nacional. A presidente da comunidade eleita em 2019 confrontou sempre o governo nacional, contestando o rigor das medidas contra a pandemia e a governação em tempos de Covid-19 (isto apesar da sua própria gestão na comunidade, especialmente em políticas sociais, ter levantado dúvidas e apesar da região continuar a ser um dos três maiores focos de transmissão da doença no país).

O tom foi muito polarizado e agressivo. O antigo vice-presidente do Governo e líder do Unidas Podemos, Pablo Iglesias, recebeu ameaças de morte a si e à sua família (foi intercetado uma encomenda com quatro balas em direção à sua casa) e, num debate frente à candidata da extrema-direita, Rocío Monasterio, Iglesias abandonou o estúdio depois de Monasterio dizer que não acreditava na veracidade do ataque.

Após a derrota eleitoral que sofreu esta terça-feira, Pablo Iglesias abandonou também a vida política.

Os comícios do Vox foram, também eles, alvo de vários protestos antifascistas, com a polícia a ter de intervir em várias ocasiões.

Do lado da esquerda, o PSOE e o seu candidato, Ángel Gabilongo, não surpreendeu e não conseguiu sobressair. O próprio Pablo Iglesias, que levou o Unidas Podemos ao Governo nacional, não conseguiu mover eleitores como seria de esperar.

O Cidadãos é o partido que terá mais perguntas a responder depois da noite eleitoral. O partido de centro-direita esteve no centro das atenções quando se colocou do lado da esquerda da moção de censura em Múrcia, onde governava em coligação com o PP, tal como em Madrid. Foi esta tomada de posição que obrigou Díaz Ayuso a convocar novas eleições.

O risco acabou por queimar o Cidadãos. O partido liderado por Inés Arrimadas apresentou Edmundo Bal como cabeça-de-lista às eleições. Bal, um desconhecido do público e dos eleitores, pouco se deu a conhecer. O partido cai abaixo dos 5% e sai da assembleia de Madrid.

[Notícia atualizada às 00h30]

Comentários
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  • Anónimo
    04 mai, 2021 Lisboa 23:03
    Ó Américo, se gostas tanto de escumalha espanholista porque não emigras para lá? Não queremos Miguéis de Vasconcelos no nosso país!
  • Americo Anastacio
    04 mai, 2021 Leiria 22:09
    Os Espanhóis, como é histórico, já aprenderam. Agora, falta a n/ parte.

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