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Ribeiro Cristovão
Opinião de Ribeiro Cristovão
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O ridículo desta vez matou

21 abr, 2021 • Opinião de Ribeiro Cristovão


A maior aberração da história do futebol teve apenas quarenta e oito horas de vida.

Ontem, ao cair da noite começava a débacle com o anúncio de abandono da efémera Superliga de cinco dos seis clubes ingleses que tinham estado na génese do monstro que ameaçava criar um rombo enorme na modalidade mais querida dos europeus.

A dita Superliga já vinha sendo pensada e construída há vários anos, sempre por entre o maior secretismo, para assim alcançar forte impacto nos momentos do anúncio da sua implantação, mas foi na noite do último domingo que as trombetas soaram forte em todo o mundo, provocando, a partir daí, um tão impactante debate que logo deixou de parecer viável e longo o seu futuro.

A UEFA, a FIFA, as federações nacionais, governos, jogadores, grandes nomes do passado, e adeptos acabaram por estar na origem do terramoto que se seguiu, e em face do qual se tornou impossível dar continuidade ao nefasto projeto.

Um projeto que do ponto de vista desportivo não fazia qualquer sentido.

Era apenas o dinheiro que orientava a ação dos seus mentores, para deste modo se tornar possível aliviar os grandes problemas financeiros que assolam os clubes, e foram criados pela irresponsável gestão dos seus mentores, que deste modo tentavam encontrar uma escapatória.

Tudo eram sombras na ideia mostrada por uma equipa dirigente onde preponderava Florentino Peres, presidente do Real Madrid, a quem se juntara com igual determinação, Agneli, primeira figura da Juventus, deixara claro em entrevista a um programa televisivo espanhol que o movimento a que presidia se fundava apenas em razões financeiras.

Vai agora ter de enfrentar as consequências da sua iniciativa e do carácter radical que tentou imprimir-lhe.

Por entre as mais variadas dúvidas que agora se colocam no rescaldo de tudo isto, parece indispensável que se estabeleça forte e profícuo diálogo entre todas as partes, porque há, de facto, muitas coisas a clarificar e a mudar no futebol.

À UEFA e FIFA poderá caber a iniciativa, mas aos clubes, sobretudo aos mais poderosos, exige-se também disponibilidade para solucionar os problemas que eles próprios (todos) criaram.

Como escreve esta manhã o conceituado diário francês L’Équipe, “A Premier League enterra a Super Liga”. Que assim seja, e sem hipóteses de ressureição.

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  • Ivo Pestana
    21 abr, 2021 Funchal 15:30
    Os grandes querem mais dinheiro? Poupem ou façam jogos amigáveis, nos países que podem pagar. Ou torneios. Fazem contratos tontos, pagam fortunas por jogadores normais, por rescisões, por cláusulas...depois queixam-se.Temos pena.