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Cimeira Ibero-Americana

"Terrível, patético, fracasso". Andorra foi palco de insultos entre ​Venezuela e Colômbia

21 abr, 2021 - 22:06 • Paula Caeiro Varela

Presidente colombiano pediu eleições na Venezuela para acabar com "a mais opressora das ditaduras latino-americanas". Caracas respondeu dizendo que, "se a Humanidade se visse nele [Ivan Duque], como espelho, os resultados seriam apocalípticos".

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As relações tensas entre Colômbia e Venezuela fizeram sair de tom as intervenções, na tarde de discursos dos chefes de Estado e de Governo dos 22 países ibero-americanos. A maior parte participou por videoconferência devido à pandemia de Covid-19, numa sequência monótona de discursos à distância, quebrada primeiro pela voz de Ivan Duque, presidente da Colômbia, um pouco rouca nas colunas, mas contundente no apelo: Duque pede eleições na Venezuela para acabar com "a mais opressora das ditaduras latino-americanas".

"Apelo a que seja urgente que no caso particular da República da Venezuela vejamos o fim da ditadura, eleições livres e um período de transição", afirmou, numa intervenção que ecoou em Soldeu, principado de Andorra, onde decorre a cimeira, mas sobretudo terá ecoado na América do Sul.

Algumas intervenções depois, chegou a resposta da Venezuela, pela vice-presidente executiva Delcy Rodríguez Gómez, porque Nicolas Maduro decidiu à última hora não participar na cimeira: "creio que o presidente da Colômbia, o senhor Ivan Duque, se a Humanidade se visse nele, como espelho, os resultados seriam apocalípticos", disse

E acrescentou: "É um terrível, patético fac-símile do fracasso. O fracasso para garantir a paz ao povo da Colômbia, o fracasso para erradicar o cultivo da droga; é incrível que no meio da pandemia, a Colômbia - primeiro produtor de cocaína do mundo, tenha aumentado a sua produção, convertendo-se numa situação de saúde pública para a comunidade internacional ainda mais grave do que a pandemia".

A guerrilha pelo controlo do tráfico e a fuga de milhares de venezuelanos para a Colômbia

A tensão entre Colômbia e Venezuela, que esta quarta-feira chegou ao palco da XVII Cimeira Ibero-americana, agravou-se nos últimos meses, na sequência de confrontos entre forças armadas venezuelanas e grupos dissidentes das FARC - as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - causando um êxodo de milhares de pessoas, a que o presidente colombiano fez referência na sua intervenção.

Ivan Duque qualificou-a mesmo como a "maior crise migratória" a que a região já assistiu, e contestou o facto de não existirem ajudas na mesma monta para os países que recebem migrantes venezuelanos, como acontece com os que recebem migrantes da Síria. Segundo ele, são 3 mil dólares no caso dos migrantes sírios e 300 no caso dos venezuelanos.

A vice-presidente executiva Delcy Rodriguez Gómez não perdeu oportunidade de recordar que a Venezuela acolheu 100 milhões de migrantes colombianos durante 70 anos da guerra da Colômbia, "mas nunca se apresentou num fórum internacional a mendigar em troca dos migrantes que recebemos com amor e recebemos com muita dedicação" criticou.

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