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Ribeiro Cristovão
Opinião de Ribeiro Cristovão
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​Mercenários entram em campo

20 abr, 2021 • Opinião de Ribeiro Cristovão


As reações, algumas até marcadas por desmedida violência, vieram de imediato de todos os lados. A bandeira da condenação foi erguida em todos os quadrantes.

De supetão, a notícia caiu nas redações no domingo à noite e de forma totalmente inesperada: 12 clubes, de três países, decidiram avançar com a criação da Superliga Europeia de futebol, da qual durante muitos meses se falou ainda que vagamente.

Desta vez, o anúncio foi acompanhado por elementos tão concretos e de execução tão imediata, que até foi avançada, inclusive, a data de agosto para o início da competição. De imediato, o vulcão entrou em erupção a tempestade que se pressagia poderá vir a estar na origem das mais graves consequências.

Independentemente do que vier a acontecer nos próximos dias ou meses, há um facto que parece indesmentível, ou seja, no futebol nada ficará como até aqui.

As reações, algumas até marcadas por desmedida violência, vieram de imediato de todos os lados: a começar pela UEFA e pela FIFA, por muitas federações nacionais, jogadores, e até responsáveis de governo, a bandeira da condenação foi erguida em todos os quadrantes.

Em causa, por motivos que estão bem à vista, está o dinheiro. Ou seja, os mais poderosos clubes do velho continente, de ligas muito qualificadas, levantam a sua voz para abafar ainda mais os de menores recursos e dimensão e alargar o fosso que já conseguiram há largos anos.

Muitos dos clubes que agora estão em foco nesta demanda deixaram há muito tempo de pertencer a si próprios, aos seus adeptos. Perderam a alma, para passarem a ser detidos por donos oriundos de países em muitos dos quais nem sequer gostam de futebol, ao contrário do quer acontece por essa Europa fora. Portanto, mais do que criar uma superliga, o que está verdadeiramente em causa é um negócio, que pode tornar-se ainda mais rentável do que já é atualmente.

No cacharolete de notícias com que nos defrontámos nas últimas horas, há algumas a merecer especial destaque. Desde a exclusão das seleções nacionais de jogadores que venham a participar nessa dita superliga, ao possível afastamento da atual Liga dos Campeões de clubes que subscreveram a sua criação, há de tudo um pouco.

E para além das posições já tomadas, e de outras que venham a seguir, fica como verdadeira premonição a expressão de Zbigniew Boniek, antigo grande jogador da Juventus e atual presidente da Federação Polaca de Futebol: “ a terceira guerra mundial está a caminho.”

Comentários
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  • EU
    20 abr, 2021 PORTUGAL 21:04
    " Muitos, dos 12, Clubes deixaram de pertencer a si próprios e aos SEUS ADEPTOS ". É dito HOJE, no sexto parágrafo deste artigo. Pergunto; o BELENENSES SAD perante este pensamento, tem LEGITIMIDADE para disputar a primeira liga portuguesa? Já falei nisso, algumas vezes, neste espaço.
  • Ivo Pestana
    20 abr, 2021 Madeira 12:00
    Mas, o povo é quem mais ordena e pode boicotar esse futebol dos ricos. Os clubes pequenos também têm força e a maior parte dos craques são oriundos dos clubes pequenos.