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América Central

Diás-Canel sucede aos irmãos Castro e toma as rédeas de Cuba

19 abr, 2021 - 18:51 • Hélio Carvalho

Na sexta-feira, Raúl Castro, no poder em Cuba desde 2011, anunciou que o previsível sucessor seria o próximo secretário-geral do partido.

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Miguel Díaz-Canel vai ser o próximo líder cubano e secretário-geral do Partido Comunista de Cuba. Días-Canel, um revolucionário de carreira, será o primeiro homem depois dos dois irmãos Castro a governar o país desde a revolução de 1959.

Antes do anúncio desta segunda-feira pelo Partido Comunista que governa o país, o líder Raúl Castro já tinha anunciado na sexta-feira que daria o seu lugar a uma nova geração "cheia de paixão e espírito anti-imperialista".

Entre 1959 e 2011, Cuba foi governada por um dos revolucionários mais emblemáticos de sempre, Fidel Castro, que liderou o país durante a Guerra Fria e o início do século XXI. Em 2011, devido a doença e idade, Fidel deu lugar ao irmão Raúl que, até Donald Trump ser eleito Presidente dos Estados Unidos, levou Cuba a uma aproximação histórica com o capitalismo.

Agora, cabe a Miguel Díaz-Canel, de 60 anos (quase 30 anos mais novo que Raúl Castro), voltar a aproximar Cuba dos Estados Unidos, procurar terminar com o embargo que assombra a ilha desde os anos 60 e manter a génese revolucionária do Governo.

A escolha de Días-Canel foi, para aqueles que acompanham a política cubana, previsível. Apesar de ter nascido depois do início da revolução, o próximo secretário-geral é, segundo a BBC, uma "escolha lógica" por demonstrar lealdade para com o modelo socialista dos irmãos Castro e defender um limite para a expansão ao setor privado.

Além disso, Días-Canel já era oficialmente o chefe de Estado de Cuba, mas o poder continuava a residir no secretário-geral do partido.

Não são esperadas grandes mudanças de política entre Raúl Castro e Días-Canel e terá sido por isso que Raúl Castro decidiu abandonar agora o cargo, aos 89 anos, saindo do Governo mas mantendo uma linha de continuidade.

No entanto, a aversão ao investimento privado poderá ter de ser relativizada: a pandemia da covid-19, em cima das sanções económicas que os Estados Unidos continuam a impor a Cuba, abrandaram fortemente a evolução económica do país e Días-Canel terá pressões por parte dos Estados Unidos e da restante América Central em liberalizar a economia cubana.

No último ano, esses dois fatores levaram a que economia cubana encolhesse 11%.

Ainda assim, Días-Canel risca todas as caixas da política cubana: enquanto fez parte do Governo como chefe de Estado, manteve boas relações com os outros dois países comunistas, Coreia do Norte e China, mas também com a Rússia, a Bolívia e a Venezuela.

Ao mesmo tempo, o novo secretário-geral já elogiou o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmando quando este foi eleito que acreditava em "relações bilaterais construtivas que respeitam as diferenças um do outro". Um sentimento partilhado por Raúl Castro, que elogiou a nova administração democrata no seu último discurso como secretário-geral, na sexta-feira.

Miguel Díaz-Canel começou na política aos 20 anos de idade e foi subindo aos poucos no aparelho comunista cubano. Em 2009, subiu ao equivalente de um ministro do Ensino Superior; nove anos depois, em 2018, foi eleito presidente da Assembleia Nacional do país.

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