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​“Lindebergh trata as esculturas de Giacometti como se elas tivessem vida”

15 abr, 2021 - 21:08 • Vítor Mesquita

Exposição "Alberto Giacometti - Peter Lindbergh. Capturar o Invisível" está disponível a partir desta quinta-feira no Museu da Misericórdia, no Porto.

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Depois de Paris, o Porto. Até 24 de setembro é possível testemunhar o encontro de Peter Lindbergh com as obras de Giacometti. A fotografia acrescenta mais vida às esculturas do artista suíço.

É um encontro entre a obra de um dos mais aclamados escultores do século XX e um dos mais relevantes fotógrafos de moda. Dele resulta mais de uma centena de fotografias, desenhos e esculturas que ganham vida na exposição "Alberto Giacometti - Peter Lindbergh. Capturar o Invisível", que está disponível a partir desta quinta-feira no Museu da Misericórdia, no Porto.

Os trabalhos cruzam os olhares de dois artistas de áreas e tempos diferentes, mas que partilham a mesma verdade, refere Serena Bucalo-Mussely.

A curadora da Fundação Giacometti explica que “Pete Lindebergh era fascinado por este artista desde muito novo e quando ele chegou ao armazém parecia uma criança numa loja de brinquedos. Ele teve liberdade total para escolher as obras que quisesse fotografar e fez a sua escolha. Quando vemos as fotografias vemos a mesma verdade, a mesma realidade, o mesmo interesse pela realidade. Pete Lindebergh trata as esculturas de Giacometti como se elas tivessem vida. Trata-as como manequins. Ele estava interessado na alma do artista, na alma do modelo. Quisemos mostrar isso na exposição. As semelhanças, este interesse pela realidade, pela verdade, pela alma dos modelos.”

A responsável acrescenta que nesta exposição o objetivo é mostrar ao público “algo cronológico, para mostrar um pouco da história deste artista, um dos mais importantes do século passado”.

“Incluímos esculturas de Giacometti em Paris, de 1920 até ao momento da sua morte em 1966. Temos obras que toda a gente pode reconhecer, estas esculturas alongadas, bem como esculturas importantes do período pós-cubista, ou surrealista”, sublinha.


O filho de Peter Lindebergh acompanhou de perto todo o processo, desde a sua génese. Benjamin Lindebergh destaca a ligação entre as obras e explica como tudo começou.

Ele explica à Renascença que “isto é algo que ele fez em 2017. Durante três dias, tirou fotografias das esculturas e de outros elementos da coleção e o resultado originou um debate sobre um projeto de exposição. A primeira aconteceu no Instituto Giacometti em França, em 2019, com o meu pai ainda vivo. Este é o segundo passo da exposição, com a oportunidade de apresentar muito mais trabalhos e em grandes formatos. Eles nunca se conheceram, mas a ligação entre os dois é bem visível”.

Na leitura de Charlotte Crapts, a comissária de arte responsável por todo o processo, o fotógrafo alemão, que morreu em 2019, conseguiu percorrer caminhos desconhecidos na obra de Giacometti.

Foi a força dessa simbiose que a levou a recorrer à expressão “capturar” para o nome da exposição.

Em conversa com a Renascença, explica que Peter Lindebergh, habituado a fotografar modelos em movimento, começou a ter um diálogo com as esculturas. E nas fotografias é possível, explica, perceber que o artista consegue capturar pormenores que muitos curadores não conseguiam observar anteriormente.

A comissária acrescenta que Peter Lindebergh foi um mestre a capturar a intensidade das esculturas em fotografia.

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