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Desconfinamento parte II. Numa esplanada de Lisboa, Anabela emociona-se com o "chilrear das crianças"

05 abr, 2021 - 17:50 • Lusa

Esplanadas e escolas do 2º e 3º ciclo do ensino básico foram alguns dos setores que reabriram esta segunda-feira, no âmbito da segunda fase do plano de desconfinamento.

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A Rua João Barreira, no bairro lisboeta de Telheiras, conhecida como a "rua das esplanadas", voltou hoje a ganhar vida com a reabertura destes espaços, permitindo a Liliana beber um café sentada, bem como sentir novamente normalidade e liberdade.

No âmbito da segunda fase de desconfinamento, por causa da pandemia de covid-19, restaurantes, pastelarias e cafés que tenham esplanada podem reabrir os espaços ao ar livre, mas com grupos limitados a um máximo de quatro pessoas por mesa, encerrando às 22h30 de segunda a sexta e às 13h00 ao fim de semana.

Naquela que é conhecida como a "rua das esplanadas", Liliana tomou hoje o seu primeiro café em meses, não escondendo que se sente "um bocado o voltar à liberdade".

"Acho que é também um regresso à nossa normalidade e pensar nas pessoas que têm este tipo de comércio, porque nós em casa quase todos conseguimos beber café, mas é também para ajudar aqui a economia", afirmou.


Na esplanada do lado, Mariana conta que tomar um café fora "é um daqueles pequenos prazeres" pelos quais estava ansiosa e hoje foi das primeiras coisas que quis fazer: tomar um café descansada numa esplanada.

Também a antiga professora de Física Anabela demonstra uma "alegria enorme" por voltar a estar com as suas amigas na esplanada. Reconheceu que não podem estar todas juntas, mas quatro a quatro vão colocando a conversa em dia.

"Comunicamos muito por "whatsApp", mas estou cada vez mais longe da realidade, é preciso esta vivência com a pessoa", explicou, contanto que de manhã cedo se emocionou com o "chilrear das crianças" que voltaram à escola que fica perto da casa onde mora.

"Até fiquei comovida", disse com a voz meio embargada.


Pela primeira vez em meses, Filipa montou hoje com "muita alegria e muita expetativa" as mesas e cadeiras da esplanada do seu negócio.

"Estava mesmo à espera deste dia, está a ser muito bom. Os clientes têm sido maravilhosos, as pessoas vão retomando os seus espaços habituais", reconheceu a empresária, que durante o confinamento esteve a servir ao postigo.

No entanto, alertou que "não há rosas sem espinhos", aludindo ao horário de encerramento dos restaurantes, cafés ou confeitarias ao fim de semana, fixado 13h00 e não nas 22h30, como acontece aos dias de semana.

"O domingo até não seria muito complicado, mas o sábado à noite vai uma fatia complicada [de lucros], mas temos de começar a trabalhar por algum lado", reconheceu.

Para Nuno Mendes, que tomava uma bebida com um colega, está a "ser maravilhoso" poder voltar a sentar-se numa esplanada: "Já fazia falta no meu caso e a tantos portugueses que estão em casa em teletrabalho há tantos meses".


Um pouco mais à frente, Cristina Almeida também reconheceu que o regresso "está a ser bom", frisando que as pessoas "estavam ansiosas por este dia".

"O confinamento foi com muito custo para todos. As pessoas estavam com saudades do café, da nossa esplanada", salientou, avançando que, até ao final da manhã, não teve qualquer problema de incumprimento de regras por parte dos clientes.

Em relação aos horários de fim de semana, Cristina Almeida coloca "alguns pontos de interrogação", por não compreender o motivo pelo qual os supermercados podem ficar abertos até mais tarde e estes espaços comerciais terem de encerrar às 13h00.

"Acho que as pessoas saem daqui e a aglomeração vai ser nos supermercados", alertou.

Esta é também uma das preocupações de um outro proprietário da "rua das esplanadas". Filipe disse à Lusa temer que as pessoas se concentrem todas nas esplanadas ao fim de semana durante a manhã, tendo em conta o fecho obrigatório às 13h00.

"Seria bom analisar os horários de sábado e domingo e poder ser até às três da tarde, como já aconteceu no ano passado. Seria mais descontraído para todos", advertiu.

Francisco Tomás, dono de um outro café, reconheceu que o negócio "está a ser melhor do que a venda ao postigo", contando que se vê "mais gente e mais vida" na rua.


Também Francisco refere que o horário durante o fim de semana vai proporcionar a aglomeração de "mais pessoas", tendo em conta que não é igual ao dia se semana.

"Era menos perigoso", reconheceu.

Na passada quinta-feira, aquando do anúncio das atividades que iriam abrir hoje, segunda fase do desconfinamento, o primeiro-ministro, António Costa, recomendou que se mantenham "todas as cautelas".

"As esplanadas poderão abrir, mas gostaria de recordar que não pode haver grupos com mais de quatro pessoas e que, mesmo na esplanada, devemos manter todas as cautelas", afirmou, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, no qual o executivo decidiu avançar com a segunda fase do plano de desconfinamento, conhecido em 11 de março.

"Obviamente, quando estamos a tomar o café, seguramente não estaremos com máscara. Quando permanecemos no café, mesmo ao ar livre, devemos manter a máscara", acrescentou o governante.

Hoje, as lojas com porta para a rua com menos de 200 metros quadrados deixam de ter de vender ao postigo e passam a poder ter as suas portas franqueadas ao público, para, de acordo com a rotação e as regras da Direção-Geral da Saúde, poderem fazer atendimento presencial.

Nesta segunda fase de desconfinamento reabrem também os ginásios, mas ainda sem aulas de grupo.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.853.908 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.885 pessoas dos 823.494 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Evolução da Covid-19 em Portugal

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