26 mar, 2021
O desprezo pelos bebés e pelas crianças é um dos efeitos desastrosos do clima de medo que exagerou a resposta à Covid. O exagero da resposta é tão grande e tão despropositado que a realidade está reduzida a somente uma dimensão: a Covid. O resto (isto é, a totalidade da vida humana em sociedade) desapareceu, a começar nos bebés e crianças. Todos os temas relativos à infância desapareceram do centro do debate; é como se não houvesse futuro, só este presente eterno que se repete, o dia covid. É como se aquilo que já fizemos em dois anos letivos não tivesse consequências desastrosas no futuro.
Querem um exemplo desta desumanidade covídica? Os partos tornaram-se momentos fúnebres devido às regras restritivas. Conheço muitas pessoas que tiveram bebés no último ano: a experiência que relatam está ao nível do funeral.
Querem outro exemplo? O óbvio atraso cognitivo e afetivo que o uso das máscaras provoca nos bebés e crianças. Não é uma questão de opinião, é um facto. Não é um pormenor, é um facto decisivo: se as educadoras têm de estar de máscara, se o rosto humano não é captado na totalidade, então é evidente que um bebé pode sofrer atrasos cognitivos e afetivos ou mesmo morais. Sim, morais. A linguagem da empatia aprende-se através da leitura do rosto humano, algo que começamos a fazer assim que nascemos e sobretudo no primeiro ano de vida. Se passar os dois primeiros anos de vida a olhar para adultos tapados, é evidente que um bebé corre sérios riscos de ficar com um forte atraso cognitivo e emocional, porque não vai aprender no devido tempo a ler as emoções no rosto humano. Uma criança que cresce num ambiente mascarado é – em potência – um ser humano com menos empatia.
Não devemos apenas proibir o uso das máscaras nas crianças. Não é suficiente. É necessário exigir que as educadoras de infância (creche) e professoras primárias não usem máscara. Essa máscara é um obstáculo à educação académica e sobretudo ao desenvolvimento moral e empático de bebés e crianças. A máscara desumaniza.