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Pandemia

Covid-19. Uso de cloroquina faz aumentar mortes por cirrose hepática no Brasil

25 mar, 2021 - 18:27 • Henrique Cunha

Com 3.000 mortes registadas em 24 horas, o pior dia da crise sanitária, a Associação Médica Brasileira definiu que os medicamentos com o princípio ativo da cloroquina não possuem eficácia científica comprovada no tratamento da Covid-19 e aconselham a que esses fármacos sejam banidos.

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As autoridades de saúde do Brasil alertam que está a aumentar o número de mortes por cirrose hepática, devido ao uso de medicamentos contendo a substância cloroquina.

A informação é avançada à Renascença pelo padre Alfredo Gonçalves, um português oriundo da Madeira e radicado no Brasil há mais de 50 anos.

O sacerdote relata que “ontem [quarta-feira] alguns médicos alertaram para vários casos de cirrose hepática devido a medicamentos relacionados à cloroquina e para a existência de várias pessoas que morreram de cirrose hepática devido à medicamentação da cloroquina”.

O missionário scalabriano adiante que, enquanto isso, “o novo ministro da Saúde convidou um médico para assisti-lo que é contra a cloroquina” e o Brasil vive esta realidade, em que, “na verdade, nós temos um Presidente que continua a falar do tratamento precoce, mas as autoridades sanitárias em geral começam a perceber como isso está a fazer aumentar o número de mortes”.

Numa altura em que o Brasil superou as 3.000 mortes em apenas 24 horas, o pior dia da crise sanitária, a Associação Médica Brasileira definiu, que os medicamentos com o princípio ativo da cloroquina não possuem eficácia científica comprovada no tratamento da Covid-19, e aconselham a que o recurso a esses fármacos seja banido.

Alheio a tudo isso o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro que “está solitário, e até ficou fora do comité responsável pela pandemia”, insiste no tratamento com o fármaco.

“A presidência do comité está com o Senado, mas como disse um jornalista, hoje: um solitário afastado do comité da pandemia, sendo Presidente, continua a morder e a matar”, sublinha o sacerdote madeirense.

Enquanto isso, o padre Alfredo Gonçalves descreve um cenário de terror nos corredores dos hospitais brasileiros.

“O que está acontecendo é uma série de mortes. No Rio de Janeiro e São Paulo falamos de centenas de mortos esperando um leito na UCI. As pessoas morrem antes de entrarem no hospital. Algumas em casa, pois não há como irem para o hospital. Outras dentro da ambulância. Outras na fila do hospital. Ontem apareceram cenas dramáticas, de filmes de terror, de corpos nos corredores do hospital esperando pela remoção, porque também as agências funerárias e os cemitérios não conseguem mais responder pela avalanche de corpos que vêm chegando”, diz.

Nestas declarações à Renascença, a partir de São Paulo, o sacerdote que é, também, assessor para a Mobilidade Humana da Conferência Episcopal Brasileira adianta que, para além do colapso do serviço de saúde, já se nota também a derrocada do sistema funerário e revela que “alguns cemitérios aqui em São Paulo estão trabalhando de noite... passaram a trabalhar de noite para conseguir dar conta desse número de mortes”.

A juntar a tudo isto “muitas pessoas estão vivendo um esgotamento e também é visível o número de médicos e enfermeiros que vem aumentando o tratamento psicológico e psiquiátrico dentro dos hospitais”. O sacerdote dramatiza a situação e adianta que se “fala de um colapso generalizado e a tendência é para piorar caso o número de mortes continue assim”.

Alfredo Gonçalves denuncia uma alteração de procedimentos na notificação das mortes por Covid-19. Uma interferência do Ministério da Saúde, que na opinião do sacerdote visa fazer diminuir o conjunto de mortes devido à pandemia, “com o incremento de burocracia nas notificações por Covid-19”.

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