24 mar, 2021 - 11:55 • Olímpia Mairos
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) dá conta de “novas histórias de terror” em cabo Delgado e define Moçambique como um país de “prioridade máxima”.
“Quase semanalmente chegam de Moçambique novas histórias de terror”, declara o responsável pelos projetos da Fundação AIS para países de África, Ulrich Kny, sublinhando que são também sinal do agravamento da crise humanitária que se está a viver em Cabo Delgado, a província situada a norte deste país lusófono, e que tem sido palco de ataques terroristas.
Moçambique é um país de “prioridade máxima” para a AIS, diz Ulrich Kny, dando nota que o objetivo “é socorrer o maior número possível de pessoas, dar resposta aos pedidos de ajuda que chegam de Cabo Delgado”.
O responsável afirma que “qualquer forma de auxílio ajuda a aliviar o sofrimento desta gente oprimida e desenraizada”, e realça a importância do papel que a Igreja Católica tem desempenhado nesta província.
“A Igreja em Moçambique é uma âncora de esperança e caridade, num mar de sofrimento e violência, face às consequências devastadoras dos ataques por grupos armados, desde outubro de 2017, e que têm reivindicado, desde há alguns meses, a associação ao Daesh, o grupo terrorista ‘Estado Islâmico’”, observa Ulrich Kny.
Iniciativa pretende alertar para a "situação dramá(...)
De acordo com as Nações Unidas, no final do ano passado registavam-se, em Cabo Delgado, mais de 670 mil deslocados e mais de dois mil mortos.
O responsável da Fundação AIS lamenta que esta realidade passe despercebida “em grande parte pela comunidade internacional”, apesar “de o país estar a sofrer catástrofes humanitárias, umas atrás das outras”.
Para além das consequências dos ataques terroristas, segundo o responsável da AIS, Moçambique está a enfrentar também a epidemia de Covid-19. E, se numa primeira fase o seu impacto foi “relativamente suave”, agora, esclarece Ulrich, a situação agravou-se.
“O número de pessoas infetadas disparou em janeiro e é alarmante como o número de mortes aumentou”, afirma o responsável que dá conta também de “um número crescente de pessoas com cólera, em parte devido às condições catastróficas de higiene em que se encontram milhares de pessoas deslocadas”.
Moçambique
O padre brasileiro diz que além da fome, continua (...)
De acordo com Ulrich Kny, a fundação pontifícia tem procurado desde a primeira hora ajudar o esforço da Igreja local no apoio às populações deslocadas, tendo concedido uma primeira ajuda de emergência no valor de 160 mil euros.
“Graças a este apoio, os padres e as irmãs conseguem distribuir comida aos refugiados”, conta o responsável, indicando que foi também iniciado um outro projeto para “prestação de assistência psicossocial aos refugiados, pessoas que estão profundamente traumatizadas e que vivem um sofrimento inimaginável resultante dos ataques terroristas e de todas as situações que presenciaram”.
“Mais de 120 pessoas receberam formação psicológica em Pemba para o acompanhamento destes casos”, especifica, acrescentando que a AIS tem prestado ainda “ajuda de subsistência aos sacerdotes e irmãs, bem como financiado a formação de seminaristas e de religiosas, além de outros projetos relacionados com as necessidades mais prementes da vida da igreja em Moçambique”.
Militares portugueses vão treinar tropas moçambica(...)