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Novo Banco: Moreira Rato diz que BdP foi avisado que capital poderia não ser suficiente

18 mar, 2021 - 14:58 • Lusa

De acordo com o antigo responsável, essa discussão foi tida pelo Conselho de Administração do Novo Banco, que decidiu “comunicar essa preocupação ao Banco de Portugal”.

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O antigo administrador financeiro do Novo Banco João Moreira Rato revelou hoje que, logo após a resolução do BES, a então administração da nova instituição informou o Banco de Portugal que o capital inicial “poderia não ser suficiente”.

Na audição que decorre hoje na comissão eventual de inquérito parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, a deputada do CDS-PP Cecília Meireles questionou João Moreira Rato sobre se o capital inicial de 4,9 mil milhões de euros para o banco de transição que nasceu do colapso do BES era adequado, na perspetiva da primeira equipa de gestão do Novo Banco.

“Pouco tempo depois, ainda em agosto, em lembro-me de, no Conselho de Administração, nós discutirmos que o capital que tínhamos poderia não ser suficiente para fazer face os problemas que poderiam ainda acontecer e ter algum impacto no balanço do banco”, revelou.

De acordo com o antigo responsável, essa discussão foi tida pelo Conselho de Administração do Novo Banco, que decidiu “comunicar essa preocupação ao Banco de Portugal”.

Questionado sobre os motivos desta insuficiência pela deputada do CDS-PP, Moreira Rato explicou que o rácio de capital, depois de “corrigir o que se tinha passado em julho”, se fixava nos “7 e tal por cento”, sendo 7% “o valor alvo” que queriam “evitar passar abaixo”.

Cecília Meireles confrontou o antigo administrador financeiro do Novo Banco com uma das conclusões da auditoria, segundo a qual “o crédito e o incumprimento de crédito começa a aparecer a seguir à resolução” uma vez que “praticamente não havia incumprimento porque eram feitas reestruturações em cima de restruturações”, pretendendo saber se Moreira Rato “tinha noção da dimensão deste problema e do que é que ele poderia significar”.

“Tínhamos consciência de que a carteira de empresas do banco poderia a prazo apresentar problemas. Era provavelmente também um dos riscos possíveis que nós considerávamos na altura”, assumiu.

De acordo com o antigo administrador, naquela altura, logo a seguir à resolução, havia “outros problemas” como as “saídas de recursos do banco com alguma importância”.

“Esse problema ainda não se tinha expressado na altura na sua dimensão, mas era um problema que nos preocupava e nós antecipávamos que se poderia vir a realizar”, reiterou.

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