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8º ano de pontificado de Francisco

Sementes de paz em tempos adversos

13 mar, 2021 - 08:00 • Aura Miguel

Francisco cumpre este sábado o oitavo ano de pontificado. Após um ano atípico, marcado pelo seu isolamento para evitar contágios e agravar a pandemia, conseguiu, no entanto, encerrá-lo da melhor forma com a histórica visita ao Iraque.

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Sementes de paz em tempos adversos. Oitavo ano de pontificado de Francisco
Sementes de paz em tempos adversos. Oitavo ano de pontificado de Francisco

Quem não se lembra da Praça de São Pedro totalmente vazia, naquele dia 27 de março de 2020, com o Papa solitário e vacilante a carregar sobre si todo o sofrimento do mundo e da Igreja? No meio da angústia e adversidade, em que “densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades se apoderaram das nossas vidas”, “em que nos revemos temerosos e perdidos”, “todos frágeis e desorientados”, o Sucessor de Pedro abraçou a Cruz. A chuva torrencial e o vento não o impediram de abençoar, com o Santíssimo Sacramento, a cidade de Roma e o mundo inteiro, “como um abraço consolador de Deus”. E o mesmo viria a acontecer, quinze dias depois, na Via Sacra da sexta-feira Santa, quando carregou a cruz naquela Praça totalmente vazia e semi obscura.

Foi também em plena pandemia que o Papa, no início de outubro, se deslocou a Assis para assinar, junto ao túmulo de

São Francisco, a nova encíclica “Fratelli tutti”, sobre o respeito do outro como irmão, num “amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço”. Ultrapassar estas barreiras, foi exatamente o que Francisco fez no Iraque. Apesar dos inúmeros riscos e contrariando os mais prudentes conselheiros, avançou, de mão estendida, para se encontrar com os seus “irmãos” muçulmanos xiitas, unidos pelo mesmo “pai Abraão” e reforçar apelos de paz e fraternidade.

E como Francisco é um homem de gestos concretos, o seu coração de pastor levou-o, sobretudo, ao encontro dos cristãos que mais sofrem e carregam as feridas profundas da guerra e do luto. Levou-lhes “o abraço consolador de Deus”, mas também recebeu. Nas cidades ainda feridas pelo terrorismo e ódio à fé cristã, como aconteceu em Mossul e Qaraqosh, o Papa conheceu a alegria contagiante de milhares de rostos com quem se cruzou e a quem agradeceu a vivacidade do testemunho e coragem da fé; e comoveu-se ao ver a força do perdão de uma mãe cujo filho foi morto pelos terroristas.

Ao completar o oitavo ano do seu pontificado, podemos agora olhar para trás e perceber como, apesar da pandemia e do isolamento obrigatório, a missão do Papa não tem pausas. E se hoje vivemos, uma “terceira guerra mundial aos pedaços”, como

tanto insiste Francisco, a viagem ao Iraque permitiu-lhe tocar com a mão num desses pedaços de guerra para nele lançar sementes de paz.

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