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Centro de Conservação e Restauro de Bragança-Miranda. Seis anos a defender e a conservar o património religioso

10 mar, 2021 - 08:22 • Olímpia Mairos

Atualmente, os técnicos encontram-se em Alfândega da Fé a recuperar um retábulo do século XVIII, em talha dourada, “com incalculável valor histórico-artístico”.

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O Centro de Conservação e Restauro da Diocese de Bragança-Miranda (CCR-DBM) assinala, esta quarta-feira, o seu 6.º aniversário.

O centro nasceu da vontade de assegurar uma resposta “transversal e pluridisciplinar”, para conservação e inventariação do património religioso e, ao longo dos seis anos de vida, já restaurou centenas de peças de arte sacra.

Localizado na vila de Sendim, em Miranda do Douro, o centro conta com uma equipa de técnicos especializados, com formação académica e experiência profissional na área, focando-se nas áreas de talha dourada e policromada, escultura em madeira policromada, pintura de cavalete e sobre tábua, pintura mural, azulejaria, entre outras.

Atualmente, a equipa do CCR-DBM encontra-se a intervencionar um retábulo barroco, espólio da Capela de Nossa Senhora de Jerusalém, paróquia de Sendim da Serra, Unidade Pastoral S. Bartolomeu dos Mártires, em Alfândega da Fé.

“Trata-se de um retábulo do século XVIII, em talha dourada, com incalculável valor histórico-artístico”, refere a nota enviada à Renascença.

De acordo com a diretora do centro, Joana Afonso, os trabalhos começaram com a “desmontagem, dada a elevada degradação da estrutura do retábulo”, prosseguindo agora os trabalhos de conservação e restauro nas instalações do centro, finalizando com a montagem no local de origem.

“Serão realizados tratamentos de suporte, como limpeza mecânica, imunização e consolidação, revisão da estrutura, preenchimentos de lacunas e reconstituições volumétricas, e tratamentos da camada de policromia e dourada, como limpeza por meio de solventes, preenchimentos da camada de preparação e reintegração cromática”, explica a técnica.

Estima-se que para a realização dos trabalhos, que envolvem os quatro técnicos, sejam necessários três meses.

Apesar da pandemia de Covid-19, no último ano, o Centro de Conservação e Restauro procedeu a várias intervenções no património cultural religioso no território da diocese.

De entre as obras mais relevantes, destaca-se a recuperação de cinco pinturas sobre tela de Bento Coelho da Silveira, pertencentes ao espólio da Capela de Nossa Senhora de Jerusalém de Sendim da Serra, Alfândega da Fé. Um trabalho “meticuloso” que se prolongou ao longo de oito meses, envolvendo “uma metodologia minuciosa e cuidada, em tratamentos do suporte têxtil e da camada cromática”, destaca a diretora do centro de conservação e restauro.

Paralelamente, os técnicos intervieram no retábulo da Capela de São Sebastião de Vale de Lagoa, em Alvites, Mirandela. Uma intervenção que, segundo Joana Afonso, “teve tudo menos de comum”, uma vez que o retábulo chegou às mãos dos técnicos “já desmontado por pessoas não habilitadas a intervir no património”.

Tal atitude “causou sérios danos, alguns irreversíveis, no que respeita ao estado de conservação em que o encontramos, principalmente na grave lacuna que havia em elementos constituintes”, alerta a técnica.

“Esta intervenção tornou-se um desafio, no sentido de tentar devolver à obra o seu sentido religioso inicial e devolver à população a obra de culto, sem a qual estiveram durante vários anos”, assinala a responsável.

Seguiu-se o restauro e conservação da retabulística da Igreja Matriz de Tó, no concelho de Mogadouro, e da Igreja Matriz de Seixo de Manhoses, em Vila Flor.

Em paralelo, indica o centro de restauro, foram concretizadas algumas intervenções em várias esculturas em madeira policromada das paróquias de Peredo, Cércio, Freixiosa, Cerejais e Palaçoulo.

Nos próximos meses, a equipa do CCR-DBM irá realizar trabalhos na Unidade Pastoral Senhora do Amparo, no concelho de Mirandela.

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