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Coronavírus

Covid-19. Passaporte de vacinação útil para a retoma, admitem antigos ministros

25 fev, 2021 - 23:12 • Lusa

Adalberto Campos Fernandes e Luís Filipe Pereira, antigos ministros da Saúde, admitem a utilidade de um passaporte de vacinação do novo coronavírus para permitir a retoma gradual do turismo e da atividade económica.

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Dois antigos ministros da Saúde, Adalberto Campos Fernandes e Luís Filipe Pereira, admitiram esta quinta-feira a utilidade de um passaporte de vacinação do novo coronavírus para permitir a retoma gradual do turismo e da atividade económica.

“A ideia de um certificado digital pode ser uma via expedita para, gradualmente, retomarmos não só a atividade aérea, mas também do turismo, através de `clusters´ que se vão libertando”, referiu Adalberto Campos Fernandes, que falava num debate promovido pelo Hospital do Futuro, um fórum para promover a reflexão e o debate estratégico no setor da saúde.

Segundo o antigo governante, este tipo de passaporte tem de ser implementado em conjugação com uma “política mais assertiva e mais inteligentemente estratégica de testes” de despiste da Covid-19.

“Nós não usámos até hoje, infelizmente, a potencialidade toda que os testes nos dão”, disse Adalberto Campos Fernandes, para quem a “realização inteligente de testes” associada à certificação da vacinação podem permitir “ir abrindo a economia, evitando que a situação se complique mais do que já está”.

O ex-ministro defendeu ainda que Portugal não pode ter um “quarto confinamento”, razão pela qual março terá de ser um “mês de nervos de aço”, face à necessidade de manter as restrições iniciadas em janeiro “por mais algum tempo” para se garantir que a transmissão do vírus “baixa para níveis muito baixos”.

Para Luís Filipe Pereira, perante as muitas incertezas que ainda persistem sobre a evolução da pandemia e da vacinação, a criação de um passaporte sanitário pode constituir um instrumento a ter em conta para impulsionar a retoma inicial da economia.

“Há prós e contras, como em tudo na vida, mas se queremos alguma retoma, se queremos alguma pressão sobre aqueles que não se querem vacinar, de facto, o passaporte é um meio que pode ser importante para alguma retoma inicial”, referiu o antigo ministro da Saúde.

“Tudo visto e ponderado, diria que a questão do passaporte sanitário é realidade que já está em curso”, disse.

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou hoje que os parceiros europeus vão instaurar “para o verão” um passaporte de vacinação do novo coronavírus que poderá tornar “possíveis” as viagens no interior do espaço da União Europeia (EU).

Em conferência de imprensa que se seguiu à reunião virtual de líderes da UE, a chanceler explicou que todos os países da União estão de acordo com o desenvolvimento de um sistema que permita compatibilizar os diversos passaportes de vacinação que estão a ser elaborados pelos 27 Estados-membros.

A Comissão Europeia (CE) possui agora três meses para definir as condições técnicas deste sistema, e os líderes admitem que esteja operativo “nos próximos meses” e “para o verão”, segundo a chanceler.

No debate de hoje, o Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil da Madeira, Pedro Ramos, defendeu que o passaporte sanitário para as regiões autónomas e periféricas é “extremamente importante” dada a importância do turismo na economia.

“Na Madeira, 27% do PIB está relacionado com a área do turismo”, sublinhou Pedro Ramos, ao adiantar que, desde 01 de julho, já chegaram ao arquipélago mais 300 mil pessoas, uma movimentação que fez com que a região se preparasse para controlar a covid-19.

Neste debate, Adalberto Campos Fernandes defendeu ainda que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) devia “tomar rapidamente uma posição” sobre o alargamento do intervalo entre a primeira e a segunda doses das vacinas que estão sendo já administradas.

“Não devem ser os governos ou a política a tomar esta decisão, nem mesmo as agências nacionais regulatórias. Deveria haver uma posição clara e cientificamente baseada da agência europeia”, disse o ex-ministro, para quem a EMA não deveria ainda recusar a avaliação, se ela vier a ser submetida, de outras vacinas de fora do espaço comunitário, caso da russa Sputnik V.

“Em tempos de guerra não se limpam armas e, face às dificuldades logísticas que temos tido, temos de olhar para o mundo numa perspetiva global e fazer tudo para salvaguardar a vida dos nossos concidadãos”, preconizou.

Este foi um debate preparatório da Cimeira das Regiões de Saúde, que se realiza no final de abril com a participação de várias personalidades do setor da Saúde.

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