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Arquidiocese de Braga

Nova Ágora. Aberta a todos em busca de “compromissos concretos” para a sociedade

22 fev, 2021 - 18:37 • Henrique Cunha

Ciclo de conferências, organizado pela Arquidiocese de Braga, “não é um mundo restrito, fechado no catolicismo, mas aberto”, numa lógica de “cultura do encontro”, defende D. Jorge Ortiga.

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O Arcebispo de Braga defendeu, esta segunda-feira, que a “Nova Ágora não é um mundo restrito, fechado no catolicismo, mas aberto” capaz de ser manifestação e expressão da cultura; uma cultura do encontro, como o Papa Francisco diz”.

Durante a apresentação da edição deste ano do ciclo de conferências organizado pela Arquidiocese de Braga, D. Jorge Ortiga reafirmou que “a Nova Ágora tem uma história e quer continuá-la”.

“Queremos fazê-lo dentro da igreja e para a Igreja em primeiro lugar, para os cristãos, mas também para fora, numa vertente inter-religiosa aberta a qualquer confissão religiosa, mas também a não crentes, ou quem sabe até, mesmo a ateus”, acrescentou D. Jorge Ortiga.

D. Jorge Ortiga salientou, ainda, que a Nova Ágora “não é mundo restrito, fechado no catolicismo, mas aberto”, e não pretende ser “um evento apenas para a cidade ou para a Arquidiocese, mas para todo o país, ainda para mais num tempo em que, mais do que nunca, há necessidade de união”.

O Arcebispo fez, também, uma reflexão sobre os tempos que vivemos, lembrando que a “pandemia provocou uma grande interdependência entre as pessoas e entre os saberes”, enquanto deixada um olhar crítico sobre a tentativa de “cada um quer chegar primeiro, e cada querer encontrar respostas que sejam mais definidoras”, porque “falta a consciência de servir”.

De seguida, D. Jorge Ortiga sublinhou que “um dos grandes objetivos” da “Nova Ágora” é que, para além da reflexão pessoal que cada um possa fazer, sejamos capazes de constituir laboratórios culturais”.

“A ecologia, a medicina e a saúde, o trabalho com estas novas explorações laborais são um campo fértil a ser explorado e a ser explorado no confronto de ideias, neste momento, mas porventura depois a continuar. E com a Nova Ágora, nós queremos não realizar um simples evento cultural que passa sem deixar qualquer tipo de incidência na sociedade. Como objetivo e como finalidade gostaria que isso não acontecesse”, disse.

Para D. Jorge Ortiga, “a cultura tem de nos comprometer quotidianamente. Ela é uma atitude que nos deve envolver permanentemente. E esta cultura de juntos repensarmos o nosso conviver em sociedade colocando diante de nós realidades humanas com desafios para cada um, eu penso que é algo que nos poderá desafiar, quem sabe a constituir esses laboratórios culturais para no confronto de ideias dentro da igreja e fora da igreja, encontrarmos um caminho novo para a nossa sociedade”.

Pretendemos por isso com esta Nova Ágora, na linha das anteriores entrar num processo de responsabilização pessoal e coletiva perante desafios que estão a ser colocados à sociedade”, sublinhou o prelado.

D. Jorge Ortiga afirmou ainda que “estamos numa crise do pensamento” e que é fundamental refletir, mas também “é imprescindível que cheguemos a discernir alguns compromissos concretos para que a sociedade possa ser diferente” e “é esta a proposta e o desejo de que a nova Ágora seja um contributo da Arquidiocese de Braga a uma cultura à medida do homem e para o homem, para que possa efetivamente servir o homem neste percurso de procura da felicidade através do viver em comum”.

Já o Cónego Eduardo Duque, coordenador do evento disse que “vivemos tempos estranhos. Tempos de grande complexidade. As mudanças aceleram e alteram, de um dia para o outro, os âmbitos sociais, económicos e culturais. Se não aprendermos nada do que está a acontecer, então as vivências do passado e do presente deixam de ser úteis para a construção do futuro”.

O sacerdote deu o exemplo da apropriação indevida de vacinas contra a Covid-19 para afirmar que “este é um tempo propício à reflexão”, vincando a necessidade de “ir ao fundo da alma” para “descobrir o que de melhor há no fundo de cada ser humano”.

“Acreditamos que é urgente criar a “ética do futuro”, ou seja, ganhar capacidade, no presente, para refletir sobre a responsabilidade perante as gerações futuras. O progresso, neste sentido, exige uma construção em comum. E quando assim é chegamos a vencer todos os records e a surpreendermo-nos a nós próprios, como foi o caso da partilha da ciência e do saber para se alcançar a tão almejada vacina”, referiu o coordenador do evento.

“Porque acreditamos que a cultura transforma a lente com que se vê o mundo e dispõe o espírito para ser capaz de olhar mais longe do que a fronteira da freguesia mais próxima, e porque consideramos que dialogando, mesmo com gente que possa pensar diferente de nós, estamos a contribuir para abrir os olhos de todas as pessoas, continuamos a reunir especialistas de vários quadrantes capazes de produzir, através da sua palavra e exemplo, um impacto nas políticas e nas perceções que os seres humanos têm dela”, sublinhou o Padre Eduardo Duque.

A sexta edição da Nova Ágora, que foi adiada em 2020 por causa da pandemia, vai decorrer em março, em formato exclusivamente online.

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