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ONU

Guterres pede "investigação imediata" à morte do embaixador italiano no Congo

22 fev, 2021 - 20:48 • Lusa

Ministério do Interior da RD Congo acusou os rebeldes hutus ruandeses de estarem por detrás do assassinato do embaixador Luca Attanasio. Governo português fala de "ataque cobarde".

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O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o ataque a uma missão do Programa Alimentar Mundial na República Democrática do Congo (RD Congo), que resultou na morte do embaixador italiano no país, pedindo uma investigação imediata.

Através do seu porta-voz, Stéphane Dujarric, Guterres expressou as suas condolências às famílias dos mortos e aos seus países, assim como ao Programa Alimentar Mundial (PAM) e à equipa da Organização das Nações Unidas (ONU) na RD Congo.

“O secretário-geral apela ao Governo da República Democrática do Congo para investigar rapidamente este hediondo ataque” e “levar os responsáveis à justiça”, assinalou o porta-voz, citado pela agência noticiosa Efe, durante a sua conferência de imprensa diária.

Durante o dia de hoje, o executivo da RD Congo tinha já prometido fazer “todo o possível para descobrir quem está por detrás” do “vil assassínio” do embaixador Luca Attanasio.

O embaixador italiano em Kinshasa, Luca Attanasio, foi morto a tiro num ataque armado a um comboio do Plano Alimentar Mundial (PAM), durante uma visita perto de Goma, no leste da RD Congo, segundo fontes diplomáticas.

Luca Attanasio, que desempenhava as funções de embaixador na República Democrática do Congo desde início de 2018, foi "alvejado no abdómen" e "resgatado pelos guardas do Instituto Congolês para a Conservação da Natureza (ICCN)" no Virunga Park, segundo as autoridades congolesas.

O ataque resultou também na morte de outras duas pessoas, incluindo do condutor do veículo em que viajavam.

O Ministério do Interior da RD Congo acusou os rebeldes hutus ruandeses de estarem por detrás do ataque que matou o embaixador.

MNE português fala de "ataque cobarde"

Esta segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, condenou veementemente o ataque, que qualificou como “cobarde”.

Falando numa conferência de imprensa em Bruxelas no final de uma reunião presencial de chefes da diplomacia da União Europeia – no decurso da qual chegou a notícia do ataque, Augusto Santos Silva disse lamentar “profundamente a morte do embaixador italiano e também a morte de outras pessoas que iam no comboio” humanitário do Programa Alimentar Mundial, das Nações Unidas.

“Só há uma caracterização possível deste ataque: é um ataque cobarde. Um ataque a um comboio das Nações Unidas, um ataque a um comboio do Programa Alimentar Mundial só pode ser qualificado como aquilo que é: um ataque cobarde e inaceitável na sua cobardia”, acusou Santos Silva.

Pouco antes das palavras do ministro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, através da sua conta oficial na rede social Twitter, já condenara “veementemente” o ataque ao comboio humanitário, que resultou na morte do embaixador italiano, de um militar e de um funcionário do Programa Alimentar Mundial, expressando a sua “solidariedade para com as famílias das vítimas, as autoridades italianas e as Nações Unidas”.

O ataque ao comboio do PAM teve lugar a norte de Goma, a capital da província do Kivu Norte, que tem sido flagelada pela violência de grupos armados há mais de 25 anos.

Esta região, que acolhe o Parque Nacional da Virunga, uma joia natural, turística e em perigo de extinção, é também o cenário de conflito no Kivu Norte, onde dezenas de grupos armados lutam pelo controlo da riqueza do solo e subsolo.

Criado em 1925, o Parque Nacional de Virunga é Património Mundial da UNESCO. Estende-se por 7.769 km2, desde Goma até ao território de Beni, entre montanhas e florestas.

O nordeste da RD Congo está há anos mergulhado num conflito alimentado por dezenas de grupos rebeldes armados, nacionais e estrangeiros, apesar da presença do Exército congolês e das forças da missão da ONU no país, que conta com mais de 15 mil operacionais.

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