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Coronavírus

Subdiretor-geral de Saúde defende flexibilidade nos rastreios e nos testes

17 fev, 2021 - 22:22 • Eunice Lourenço

Rui Portugal assume divergências com médicos de saúde pública e diz que é preciso adaptar os modelos às emergências e às capacidades do país.

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É preciso ter flexibilidade e adaptar os modelos às emergências, seja em termos de testes, seja no que diz respeito a rastreios. Foi o que defendeu esta quarta-feira, no Parlamento, o atual subdiretor de saúde, Rui Portugal, que foi ouvido na sua qualidade de antigo coordenador do gabinete de crise para a Covid-19 que funcionou no verão passado para a região de Lisboa e Vale do Tejo.

“Tendo situações excecionais, devemos ter práticas que sejam adaptativas, ou seja ouvi muito e muitos e muitos defender a necessidade de recursos que são os recursos relativamente a práticas que são as práticas correntes de situações normais, Não concordo. Há que estabelecer com garantias de segurança novos procedimentos, procedimentos de partilha com outras instituições e procedimentos simplificados que possibilitem ter controlos atempadamente com os recursos e riquezas do país”, disse Rui Portugal, assumindo que há divergências no domínio dos testes e dos rastreios, como a Renascença noticiou.

Rui Portugal, que como coordenador do gabinete de crise para Lisboa e Vale do Tejo usou rastreios e testes para conter os surtos na região de lisboa e vale do Tejo. coloca-se do lado do Governo, no que diz respeito à necessidade de adaptação dos procedimentos nos rastreios, com a simplificação dos inquéritos e o recurso a outras instituições, como as Forças Armadas ou as câmaras municipais, como foi feito na Administração Regional de Saúde do Norte.

“Não tenho uma opinião rígida – e vou ser honesto: a saúde pública tem-na – relativamente àquilo que é a necessidade de rastreadores com modelos muito rígidos. Não é necessário termos modelos rígidos, perdendo com isso boas práticas. Não é necessário, repito. E tem havido muita informação e muito debate e muito incisivo como se só houve um modelo. E repito: não é verdade que só há um modelo”, afirmou de forma veemente.

“O modelo é adaptativo. É verdade que temos de ter rastreadores e é verdade que temos de ter rastreadores que tenham de ter competências relativamente a esta flexibilidade: temos mais hoje, temos menos amanhã. Não é rastreadores ad hoc. Devemos introduzi-lo relativamente ao sistema, mas não é preciso ficarmos com um número de rastreadores impressionante”, acrescentou. Ou seja, defende um modelo em que seja possível recorrer a rastreadores com alguma formação (a que foi dada no Porto implica cerca de 20 horas formativas), mas que pertençam a outras instituições e possam regressar a elas quando não for necessário, sem que com isso o país fique com um quadro de rastreadores desnecessários em situação normal.

Também no próprio inquérito epidemiológico, Rui Portugal entende que não é preciso ter um modelo único. “Os inquéritos epidemiológicos podem ser feitos de diferentes formas que podem ter níveis de segurança aceitáveis relativamente a determinadas situações epidemiológicas que exigem recursos diferenciados em função do nível” de pandemia, disse o subdiretor-geral de Saúde.

Testagem pode ser boa, mas não à toa

No que diz respeito aos testes, Rui Portugal também defende que se vão adaptando as regras às circunstâncias e aos materiais existentes. E prevê para daqui a dois meses o uso de testes de saliva. “Em junho o teste que tínhamos – o rt-pcr – é diferente dos testes rápidos antigénio que temos agora e, muito provavelmente, dos testes que teremos daqui a um mês ou dois em que possa ser utilizada saliva. As estratégias são completamente diferentes, os recursos financeiros que são necessários são completamente diferentes e, eventualmente, até aos profissionais para as colheitas desses mesmos testes podem ser diferentes desde que, naturalmente, com supervisão”, afirmou, deixando antever que os testes de saliva podem não necessitar de profissionais qualificados.

“Temos de abrir o país, a testagem pode ser uma boa forma, mas não uma testagem à toa. A testagem tem de ser bem pensada. A testagem pode ser prejudicial”, acrescentou. E o exemplo que deu de testagem “prejudicial” é uma testagem que envolva “doentes a posteriori”, com podem dar resultados positivos “não ao vírus com viabilidade em termos de transmissão, mas ao vírus tipo partícula”.

Defendeu que se mantenham “estratégias de testagem nos equipamentos residenciais para pessoas idosos ou na rede de cuidados continuados e nos cuidados paliativos mesmo com a vacinação que está feita, porque se sabe que a vacinação tem uma eficácia que não é de 100%”.

Rui Portugal lembrou ainda que todos os países andam à procura das melhores soluções e alertou que a testagem em massa na Eslováquia, por exemplo, não resultou e que os confinamentos por antecedência na Irlanda também não tiveram os resultados esperados.

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