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Isabel Alçada alerta que a “rede de livrarias é frágil” e está em “risco”

15 fev, 2021 - 07:00 • Maria João Costa

A ex-ministra da Educação e antiga comissária do Plano Nacional de Leitura defende a venda de livros ao postigo e considera o livro um bem de primeira necessidade. Em entrevista à Renascença, Isabel Alçada alerta para o risco de sobrevivência das pequenas livrarias.

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A escritora e antiga comissária do Plano Nacional de Leitura Isabel Alçada defende que deveria ser retomada a venda de livros ao postigo, em livrarias. No dia em que é retomada a venda de livros em pontos como tabacarias, papelarias, postos dos correios ou grandes superfícies comerciais, Isabel Alçada alerta para a necessidade do livro estar mais acessível.

Em entrevista à Renascença, a antiga ministra da Educação lamenta, depois do que diz ter sido “um esforço enorme para criar uma rede de bibliotecas públicas e uma rede de bibliotecas escolares” que essa rede não esteja a funcionar neste momento. A isto soma-se, na opinião da autora de livros infantojuvenis o facto de Portugal ter “uma rede de livrarias e pontos de venda em supermercados e hipermercados que é relativamente precária”.

Para Isabel Alçada, “a venda em grandes superfícies deve ser mantida”, mas segundo as suas palavras “também devia continuar a venda de livros em postigo”, nas livrarias de rua. Defensora do livro como um “bem de primeira necessidade”, a antiga comissária do Plano Nacional de Leitura defende que o livro não deve ser olhado “apenas como um acessório”.

“O livro é importante e numa situação de pandemia como nós estamos, ler é a melhor forma de nos conseguirmos evadir, viajar, contatar com outros pensamentos. É um instrumento essencial, portanto, o acesso ao livro é o primeiro degrau para que as pessoas possam ler”, afirma Isabel Alçada.

Em defesa de melhores hábitos de leitura dos portugueses, a antiga ministra da Educação considera que o Governo deveria “desenvolver uma campanha e deveria haver um incentivo nos meios de comunicação social” para estimular os hábitos de leitura.

“Gostava que essa campanha fosse abrangente e lembrasse às pessoas que podem ler e que podem aproveitar este tempo que têm agora, que não é um tempo bom, para se evadir daquilo que está a acontecer, lendo. O livro é uma porta aberta para tudo. Essa campanha seria muito bem-vinda”, admite Isabel Alçada.

Em entrevista à Renascença, Isabel Alçada que em conjunto com Ana Maria Magalhães é autora da reconhecida coleção “Uma Aventura” adverte para o risco de sobrevivência das livrarias. A escritora sublinha a importância dos “pontos de venda” que permitem às livrarias sobreviver, “porque a rede de livrarias é relativamente frágil e as que existem estão em risco”, admite Isabel Alçada.

Para as livrarias, a ex-responsável pelo Plano Nacional de Leitura sugere não só “apoio dos leitores”, mas também “um apoio dos poderes públicos, de forma a dar-lhes voz e ouvi-las”. Isabel Alçada recorda que “há um publico fiel e que encomenda por internet, mas depois há um público que vai a um supermercado e que vê um livro e que o leva”, mas há também aqueles que preferem comprar numa livraria.

À Renascença, Isabel Alçada conta que nestes dias de confinamento tem dedicado o seu tempo, juntamente com Ana Maria Magalhães a várias sessões com alunos sobre os seus livros. Promovidas por professores, nessas sessões tem muitas vezes também ouvido os pais a lamentarem não terem as livrarias abertas para poderem comprar para os filhos os livros da coleção “Uma Aventura”.

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  • Ivo Pestana
    15 fev, 2021 Funchal 14:46
    Em pandemia existem outras prioridades. Se estou doente ou pobre, para que quero um livro? É importante e fundamental, agora é excessivo dizer que um livro é um bem de primeira necessidade. É romântico até. Justifico, e gosto de ler, com a net. Eu leio muito na net, logo dispenso as livrarias. Ao ler um livro 2 ou 3 vezes, para que o quero? Para colocá-lo na estante ou lê-lo passado anos? Com o digital, posso comprar um bom livro, até mais barato e depois até oferecer a alguém, que goste de ler. Mas é a minha opinião. Primeiro combater a pandemia, sanitária e social, depois vem o resto. Hoje o conhecimento não vem só do papel, o digital está aí, não podemos negar esta realidade e com as dificuldades económicas, não é fácil comprar livros de qualidade.

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