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Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade

Violência no namoro é "uma pandemia persistente"

12 fev, 2021 - 23:59 • Cristina Branco

Cinco por cento dos jovens entre os 11 e os 21 anos consideram legítima a violência física e 19% por cento legitimam a violência sexual. Secretários de Estado da Cidadania e Educação consideram “chocantes” os números apresentados pela União de Mulheres Alternativa e Resposta.

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Uma “pandemia persistente”. É a expressão utilizada pela secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade face aos dados de 2020 sobre a violência no namoro, apresentados esta sexta-feira pela associação União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR).

Cinco por cento dos jovens entre os 11 e os 21 anos considera legítima a violência física e 19% legitimam a violência sexual.

Os dados acrescentam, ainda, que um em cada cinco jovens sofre ou já sofreu violência psicológica.

“Estes dados confirmam-nos que a violência no namoro, a violência física, a violência contra a igualdade de género é uma pandemia persistente. É chocante esta constatação de que mais de metade dos nossos e das nossas jovens já foram vítimas de alguma forma de violência no namoro”, afirmou a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, numa conferência de imprensa através da plataforma zoom.

Segundo a governante, é uma tendência que se tem mantido e é “chocante e quase incompreensível porque as gerações mais jovens não tenham tão enraizado ainda estas estereotipias e estes preconceitos, estas conceções”.

Para o secretário de Estado Adjunto da Educação são dados “preocupantes”.

“Se pensarmos numa família grande, com seis filhos por exemplo, isso significa que, lá em casa, um estará a sofrer violência psicológica, um estará a sofrer perseguição, dois podem estar a ser controlados naquilo que vestem, nas mensagens que recebem, só porque o outro acha que tem direito”, exemplifica João Costa, sublinhando que “rapidamente começamos a ver que este é um problema grave”.

O secretário de Estado lembra que a violência no namoro surge, muitas vezes, no seio da família - “muitos dos jovens agressores são filhos de pais agressores”.

Não é apenas um problema dos jovens e das famílias, sublinha o governante. “A erradicação da violência e da violência no namoro, é uma questão de todos nós. Já não estamos no tempo do “entre marido e mulher não se mete a colher” ou entre namorado e namorada, eles é que sabem. É um problema de todos nós que só se vencerá se todos contribuirmos nem que seja com a nossa voz”, lembra João Costa.

Em tempo de pandemia e confinamento, a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, alerta para uma maior exposição aos riscos, face a uma ainda grande iliteracia digital. “A dimensão do digital e da importância dessas plataformas é evidente. Por um lado, facilitam o acesso a serviços, o acesso à educação, mas por outro lado, como sabemos, também reproduzem esta perigosidade, exposição e risco a situações de violência”, sublinha Rosa Monteiro.

“Há como que uma digitalização das relações sociais e de intimidade”, afirma a secretária de Estado, que lamenta que a “falta de literacia digital e mediática represente uma escassa avaliação dos riscos que as crianças e jovens sofrem no digital”.

Em vésperas do Dia dos Namorados, ou Dia de S. Valentim, a UMAR lançou a campanha “Bem-me-gosta ou mal-me-gosta?” com o objetivo de alertar e prevenir a violência no namoro.

Recorde-se que existem duas linhas de apoio às vítimas de violência no namoro: 800 202 148 e a linha “SMS Pandemia”, criada neste contexto, com o número 3060.

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