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Estudo

Covid-19. Combinação de dois medicamentos reduz em 50% mortes em casos graves

11 fev, 2021 - 18:51 • Lusa

Resultados do ensaio clínico, dirigido pela Universidade de Oxford, demonstrou redução dos óbitos para metade em pacientes hospitalizados com necessidade de ventilação invasiva.

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A combinação de dois medicamentos, o tocilizumabe, usado para tratar a artrite reumatoide, e um corticosteroide, como a dexametasona, pode reduzir para metade as mortes nos casos mais graves de Covid-19, segundo um estudo divulgado esta quinta-feira no Reino Unido.

Os resultados do ensaio clínico "Recovery", dirigido pela Universidade de Oxford, mostrou esse efeito na mortalidade em pacientes hospitalizados com hipoxia - falta de oxigénio - e inflamação significativa, que necessitaram de ventilação mecânica invasiva, revelaram em comunicado os investigadores.

Quanto às pessoas internadas que apenas necessitaram de receber tratamento com oxigénio não invasivo, as mortes baixaram em cerca de um terço após o emprego de ambos os fármacos.

Este trabalho de larga escala, que contou com a colaboração do sistema de saúde público do Reino Unido, já tinha detetado em junho que a dexametasona, uma substância anti-inflamatória de baixo custo, contribui para salvar vidas entre os doentes mais gravemente afetados pela doença de Covid-19.

Agora, a investigação descobriu que o tocilizumabe, administrado por via intravenosa, pode reduzir por si só a mortalidade em 4%, sendo o seu efeito amplificado quando usado em combinação com o corticosteroide.

Esta conclusão do ensaio tem por base uma base de amostra aleatória, na qual 2.022 pacientes receberam a medicação para artrite, e outros 2.094 foram tratados com os fármacos habituais.

Os resultados indicam que 596 dos indivíduos que receberam tocilizumabe morreram em 28 dias (29%), em comparação com 694 daqueles que não foram tratados com esse medicamento (33%).

Esses números sugerem que para cada 25 pessoas tratadas com tocilizumabe, uma vida foi salva, de acordo com os responsáveis do ensaio, que também identificaram que este fármaco aumenta as probabilidades de os doentes terem alta no espaço de 28 dias, de 47% para 54%.

"Testes anteriores com tocilizumabe mostraram resultados heterogéneos e não estava claro se os pacientes beneficiariam desse tratamento. Agora, sabemos que os benefícios do tocilizumabe se estendem a todos os pacientes com covid-19, com baixos níveis de oxigénio e inflamação significativa", disse Peter Horby, professor da Universidade de Oxford que participou na investigação.

Segundo o perito, "o duplo impacto da dexametasona e do tocilizumab é impressionante e muito bem-vindo".

Por seu turno, Martin Landray, outro dos responsáveis do ensaio clínico, destacou que esta combinação de medicamentos "melhora a sobrevivência, encurta o tempo de internação e reduz a necessidade de ventilação mecânica".

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.355.410 mortos no mundo, resultantes de mais de 107,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 14.885 pessoas dos 778.369 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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