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Pandemia faz subir ameaças ou chantagens na internet

09 fev, 2021 - 10:30 • Vítor Mesquita , Olímpia Mairos

As vítimas são, em grande parte, do sexo feminino e a faixa etária alvo situa-se entre os 11 e os 17 anos de idade. Em 2020, surgiram cinco denúncias de conteúdos de abuso sexual de menores, com ligação a Portugal.

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Os pedidos de ajuda à Linha Internet Segura da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), para apoio a vítimas de cibercrime e denúncia de conteúdos ilegais, aumentaram 575,49% entre 2019 e 2020. O pico de telefonemas aconteceu em março do ano passado.

Os dados divulgados esta terça-feira, indicam que a Linha Internet Segura recebeu 587 chamadas telefónicas por parte de vítimas de cibercrime, entre janeiro e dezembro de 2020. Já entre janeiro e dezembro de 2019, foram recebidos 102 contactos.

Números preocupantes, que espelham o tempo da pandemia, assinala a APAV, desde logo o da subida das ameaças ou chantagens online, que, em 2020, aumentou para 172. Em 2019 havia apenas duas denúncias.

Este é o dado que mais se destaca na lista agora revelada, que aponta uma subida generalizada dos casos reportados e, também, dos tipos de crime

De acordo com o responsável pela Linha Internet Segura, Ricardo Estrela, verificou-se “um grande aumento do número de tipo de casos ou de crimes de ameaças feitas sobretudo através de redes sociais ou plataformas de mensagens instantâneas, seja, por exemplo, através do WhatsApp ou outras aplicações similares”.

“Aqui as ameaças envolveram sobretudo ameaças de divulgação de conteúdo íntimo. E pressupunham a maior parte das vezes a existência de uma relação anterior de namoro”, explica à Renascença, Ricardo Estrela.

Em 2020, a APAV atendeu ou deu apoio em mais de 1160 casos. Cerca de 340 acima do ano anterior, com o pico a situar-se entre os meses de fevereiro e junho. As vítimas são, em grande parte, do sexo feminino e a faixa etária com maior incidência situa-se entre os 11 e os 17 anos de idade.

Mas há um outro dado a destacar. Em 2020, surgiram cinco denúncias de conteúdos de abuso sexual de menores, com ligação a Portugal.

“Quer seja porque era uma entidade portuguesa que estava a disponibilizar o espaço para essas imagens serem alojadas, seja porque o website estava associado a um IP português. Em 2019, nós não tínhamos tido nenhum desse tipo de ocorrências”, assinala Ricardo Estrela.

O responsável pela Linha Internet Segura realça que “esses casos, assim que foram identificados, foram logo encaminhados com toda a informação para a polícia judiciária, parceira neste trabalho”.

“Nem toda a informação que existe na internet é boa”

Em 2019, a Polícia Judiciária identificou uma adaptação da atividade criminal à nova realidade pandémica. Um fenómeno que, associado à maior exposição à internet, levou a um aumento das investigações.

Os casos de pornografia infantil aumentaram 40%. E foram abertos 7 mil inquéritos, devido a burlas associadas aos pagamentos por MB Way.

Em declarações à Renascença, o diretor da unidade especial de combate ao cibercrime e à criminalidade tecnológica da PJ, Carlos Cabreiro, alerta para a necessidade de desconfiar de tudo o que se lê e vê na internet, defendendo que a prevenção deve estar associada à cultura informática.

“Uma grande percentagem de criminalidade ainda tem subjacente a chamada engenharia social, em que o criminoso usa de algum estratagema de convencimento das vítimas, para, depois, sim, numa fase posterior, em termos técnicos, infligir um resultado”, explica Carlos Cabreiro.

O diretor da unidade especial de combate ao cibercrime e à criminalidade tecnológica da PJ considera que é fundamental “desconfiar do tipo de informação que estamos a ler” e alerta que “nem toda a informação que existe na internet é boa”.

As estatísticas da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima surgem no dia em que é apresentada a iniciativa Data Detox, um kit de atividades para ajudar crianças e jovens a pensarem sobre diferentes aspetos das suas vidas digitais, desde os perfis nas redes sociais à gestão das passwords. Tem início às 17h30, nas redes sociais da APAV.

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