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Fidalgo Antunes

“Ronaldo vai jogar até aos 43 anos”

05 fev, 2021 - 07:00 • Pedro Azevedo

No dia do 36º aniversário de Cristiano Ronaldo, o primeiro preparador físico do jogador, Fidalgo Antunes, antevê mais sete anos de carreira ao mais alto nível para CR7.

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Cristiano Ronaldo completa nesta sexta-feira, 36 anos de idade, e poucos se atrevem a vaticinar sobre a data do fim da carreira do craque português.

Em entrevista a Bola Branca, Fidalgo Antunes, o primeiro preparador físico de Cristiano Ronaldo no futebol sénior, em 2002, no Sporting, antevê mais sete temporadas do jogador no ativo e ao mais alto nível e para isso utiliza o exemplo do antigo internacional pelos Camarões Roger Milla que disputou um Mundial com 42 anos.

“Acho que ele vai jogar até aos 43 anos ao mais alto nível. Ele passou por várias fases e objetivos e cumpriu-os todos. Tem conseguido muitos recordes. Roger Milla, internacional pelo Camarões, jogou aos 42 anos ao mais alto nível, participando num Campeonato do Mundo. Tenho a certeza que Cristiano Ronaldo irá conseguir o seu último recorde, jogando até aos 43 anos ao mais alto nível”, argumenta.

Ronaldo poderia despedir-se no Euro 2028 e jogar ainda o Mundial 2026, com 41 anos, nos Estados Unidos e no Canadá.

Uma máquina no ginásio aos 17 anos

Cristiano Ronaldo tinha 17 anos quando se estreou pela equipa principal do Sporting em 2002. Laszlo Boloni era o treinador e fazia um pedido a Fidalgo Antunes.

“O treinador Laszlo Boloni chamava-me e dizia-me para comunicar ao Ronaldo que não queria que ele fizesse ginásio, nas vésperas dos jogos. O Ronaldo ficava furioso. Reagia muito mal quando não o deixavam ir para o ginásio”, revela.

Fidalgo Antunes recorda Ronaldo como "uma máquina de trabalho físico no ginásio" e ressalva que tal comportamento "obrigava a um certo controlo".

"Ele tinha paixão pelo ginásio porque se sentia com força e maior potência a jogar futebol, e pela questão estética porque tinha a cultura do seu corpo”, refere.

Fatores que explicam o número reduzido de lesões

Com 36 anos de idade, Cristiano Ronaldo continua a ser um indiscutível da Juventus e da seleção portuguesa e mantém o hábito de fazer golos, com rendimento alto e quase todos os recordes batidos.

Além da sua qualidade futebolística, o internacional português tem um percurso marcado por poucas lesões e a maioria dos problemas físicos que o têm limitado são de grau de gravidade relativamente baixo.

Fidalgo Antunes sustenta que isso não acontece por mero acaso. Ronaldo "teve sempre uma relação muito forte com o treino" e essa é grande blindagem que ele tem para combater as lesões.

"Na resposta ao treino há dois efeitos, um positivo e um negativo. O positivo é a melhoria da condição física e o negativo é a fadiga. Esta adaptação biológica e fisiológica só é garantida por uma relação adequada entre a carga e a recuperação. Com o evoluir da ciência chegou-se à conclusão que as altas cargas estão associadas a riscos menores de lesão desde que tais cargas sejam realizadas de forma segura e controlada. Esta é a grande justificação para ao longo da sua carreira, o Cristiano Ronaldo não ter tido lesões e conseguir jogar sempre ao mais alto nível”, conclui.

Rotinas contribuem para o alto rendimento

Além da resistência que apresenta às lesões, Ronaldo tem sido capaz de manter um rendimento elevado por onde tem passado. Aos 36 anos, mantém-se como elemento fundamental do campeão italiano e da seleção portuguesa.

Também neste domínio, Fidalgo Antunes reclama o treino para a justificação, mas associa um outro fator: rotinas. "A sua rotina diária é preenchida com momentos de lazer e engloba fatores que ajudam a uma boa recuperação, como a nutrição, descanso, trabalho específico e uso de equipamentos para o efeito”, detalha, sustentando a ideia de Ronaldo está para durar.

Fidalgo Antunes, de 64 anos, é um dos mais experientes preparadores físicos em atividade no futebol português. Trabalhou em clubes de vários países como Rússia, Egipto, Angola, Arábia Saudita e Irão.

Em Portugal passou por Caldas, Fafe, Marítimo, V. Setúbal, Desportivo de Beja, Campomaiorense, Farense, Portimonense, Olhanense e Boavista, para além do Sporting, onde entre 2001 e 2003 foi adjunto de Laszlo Boloni, tornando-se no primeiro preparador físico da carreira profissional de Cristiano Ronaldo.

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