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​“Péssimo exemplo”. PCP, CDS e IL criticam prioridade aos políticos na vacinação Covid-19

26 jan, 2021 - 16:27 • Lusa

Já o Presidente da República considera prematuro avançar uma data para a sua vacinação contra a covid-19, referindo que recebeu uma carta do primeiro-ministro sobre esta matéria e remetendo esclarecimentos para autoridades sanitárias e Governo.

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O PCP, o CDS e a Iniciativa Liberal criticam a decisão de os titulares de cargos políticos passarem a integrar o grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19.

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, defendeu esta terça-feira que priorizar a vacinação contra a covid-19 de todos os titulares de cargos políticos “é um péssimo exemplo” e “um insulto” ao país.

Francisco Rodrigues dos Santos sublinhou, em comunicado, que a “prioridade na vacinação a todos os titulares de órgãos de soberania é um péssimo exemplo ao país” e também “um insulto” para os “que mais sofrem” com a pandemia.

"É indefensável colocar todos esses políticos à frente dos mais idosos, dos utentes dos lares, dos profissionais de saúde - tanto do público como do privado - e de outros grupos de risco que ainda não foram vacinados", declarou.

Francisco Rodrigues dos Santos reiterou que se estivesse abrangido por este “direito prioritário” cederia a sua vacina a um idoso.

“Defendo há muitas semanas a revisão imediata do plano de vacinação, para que os mais idosos, acima dos 80 anos, sejam incluídos na primeira fase do plano”, acrescentou Rodrigues dos Santos.

PCP contra "generalização excessiva"

O PCP critica o que considera ser a “generalização excessiva” na prioridade da vacinação contra a covid-19 dada aos políticos e insistiu que é necessário “garantir as condições para a rápida vacinação da população”.

“A prioridade dada a titulares de altos responsáveis do Estado, sendo compreensível para situações concretas, tem uma generalização que se afigura excessiva”, lê-se num comunicado do gabinete de imprensa dos comunistas no dia em que foi noticiado que os titulares de órgãos de soberania, órgãos das regiões autónomas e autarcas começam a ser vacinados na próxima semana.

Para os comunistas, o “essencial e prioritário” é “garantir as condições para a rápida vacinação da população, o que exige que o país não fique dependente unicamente do programa de vacinas da União Europeia e das multinacionais farmacêuticas”.

O PCP concorda com as regras “definidas de acordo com as autoridades de saúde, abrange naturalmente setores com intervenção direta no combate à epidemia e grupos de risco”, mas discorda da prioridade aos políticos.

Deputado coloca-se fora do grupo prioritário

O deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, não pretende “ser incluído em qualquer grupo prioritário” de acesso à vacinação contra a covid-19.

Numa mensagem enviada ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e a que a agência Lusa teve acesso, João Cotrim Figueiredo refere que tomou conhecimento pela comunicação social que “o Governo teria enviado um despacho à Presidência da Assembleia da República para que esta indicasse as pessoas que, nesta Assembleia, deveriam ser prioritárias no acesso à vacinação contra o vírus SARS- Cov2”.

“Se esta informação estiver correta, venho informar V.Exa. de que não pretendo ser incluído em qualquer grupo prioritário e de que, desde, já cedo a vacina que me pudesse vir a ser reservada a um profissional de saúde do setor social, privado ou público que não tenha ainda sido vacinado”, refere.


PS critica demagogia

O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, concordou hoje que os titulares de cargos políticos “devem constar das prioridades” de vacinação contra a covid-19 e rejeitou a “cedência à demagogia e ao politicamente correto”.

Numa nota enviada à Lusa, José Luís Carneiro sublinhou que o PS “entende que os titulares de órgãos de soberania, em função de critérios de hierarquia funcional, devem constar das prioridades” de vacinação contra o SARS-CoV-2.

O secretário-geral adjunto socialista acrescentou que os autarcas “com responsabilidades diretas na proteção civil municipal e com especial papel na campanha de vacinação” também têm de ser incluídos, tendo em conta o “fator de segurança na decisão de proteção e apoio às populações”.

“Em matérias de saúde pública e funcionamento do Estado de direito não pode haver cedência à demagogia e ao politicamente correto. Esta é a decisão que se impunha por imperativo de Estado e por razões de saúde pública”, frisou o dirigente socialista.

Marcelo não sabe quando será vacinado

O Presidente da República também foi questionado sobre a vacinação durante uma visita ao Hospital das Forças Armadas, em Lisboa.

Marcelo Rebelo de Sousa considera prematuro avançar uma data para a sua vacinação contra a covid-19, referindo que recebeu uma carta do primeiro-ministro sobre esta matéria e remetendo esclarecimentos para autoridades sanitárias e Governo.

"Eu só posso falar por aquilo que o senhor primeiro-ministro me disse e me enviou como carta. O senhor primeiro-ministro elaborou um despacho em que nomeadamente solicitava aos titulares dos órgãos de soberania, os principais responsáveis dos órgãos de soberania, que manifestassem a sua adesão à ideia de uma vacinação desses titulares, de acordo com prioridades que cada órgão de soberania definiria", respondeu.


Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que, embora o Presidente da República seja "um órgão singular", existem "órgãos que estão relacionados com a Presidência da República: é o caso do Conselho de Estado, é o caso dos representantes da República nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira".

"Isso foi solicitado pelo senhor primeiro-ministro, os órgãos definirão as prioridades e depois será definido o momento da vacinação. É prematuro da parte mesmo do Presidente da República estar a antecipar datas sobre uma matéria que é do foro das autoridades sanitárias", acrescentou.

Interrogado se lhe foi comunicado por que motivo foram alterados os critérios do plano de vacinação, o Presidente da República declarou: "Isso depois a senhora ministra da Saúde, em tempo adequado, no local adequado, esclarecerá essa matéria".

De acordo com um despacho, emitido na segunda-feira pelo primeiro-ministro, noticiado hoje pelo Diário de Notícias (DN) e a que a Renascença já teve acesso, os titulares de órgãos de soberania, deputados, funcionários da Assembleia da República, membros dos órgãos das Regiões Autónomas e presidentes de câmara, enquanto responsáveis da proteção civil, vão começar a ser vacinados na próxima semana.

Segundo a mesma notícia, também a Provedora de Justiça, os membros do Conselho de Estado e a magistratura do Ministério Público vão começar a ser vacinados na próxima semana.

O primeiro-ministro, António Costa, enviou “cartas aos órgãos de soberania para que estabeleçam as prioridades para inoculação em cada um dos serviços” e pediu uma lista de funcionários de cada órgão que “devam ser considerados prioritários nesta fase".

"De modo a que se possa programar com precisão este processo é essencial definir, entre estes titulares, a indispensável ordem de prioridade, tendo em conta a limitada quantidade de doses disponíveis em cada semana", especifica António Costa na mensagem enviada ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.

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  • revoltado
    27 jan, 2021 País de oportunistas 08:26
    A quadrilha política tinha de arranjar uma maneira de passar à frente das pessoas . A população activa que sai de casa todos os dias para trabalhar, terá de esperar até ao fim do verão ou se calhar até ao fim do ano. Estes oportunistas corruptos querem ser vacinados já. Escândalo! Vergonha! Abaixo a classe política! Abaixo Costa!
  • oswaldo da Motta
    26 jan, 2021 S. Pedro do Estoril 17:27
    Isso noutros Paise, incluindo a Espanha, é considerado 'FURA FILA' e os vscinados indevidamente já se demitiram. Se fosse antes das Eleiçóes para Presidente garanto que o candidato Marcelo tinha feito OUTRAS DECLARAÇÕES. Antonio Costa muito 'esperto« invcluiu o Presidente, no dia a seguir que venceu facil as Eleiçóes. Tenho 90 anos, tenho Declaração Médica que sou da 1a. fase, devido a gravissimosps problemas Cardiologicos o Centro de Saude nem aceitou a Declaração. ESPERA qiue vai ser chamado pela Ordem. Náo temos vacinas!
  • Cidadao
    26 jan, 2021 Lisboa 17:19
    Palavras, leva-as o vento! Apresentem um protesto formal na AR. Só palavreado não chega.

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