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CGTP defende nacionalização da Galp para reverter fecho de refinaria de Matosinhos

12 jan, 2021 - 19:32 • Lusa

A Galp vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano. Estão em causa 1.500 postos de trabalho diretos e indiretos.

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A secretária-geral da CGTP – Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, Isabel Camarinha, defendeu esta terça-feira a nacionalização da Galp para reverter o anunciado encerramento da refinaria de Matosinhos e garantir a manutenção dos 1.500 postos de trabalho.

“Se a administração da Galp não reverter esta decisão [de fechar a refinaria], o Governo tem o poder de voltar a chamar ao Estado esta empresa que tem um enorme interesse para o desenvolvimento económico nacional”, disse a sindicalista aos jornalistas, à margem de uma ação de protesto que decorreu esta tarde em frente ao edifício da Câmara de Matosinhos, no distrito do Porto.

Pelas 15:15, um grupo de trabalhadores saiu da refinaria de carro e seguiu até ao centro de Matosinhos, numa distância de cerca de quatro quilómetros, em sinal de protesto contra o anunciado fecho da Petrogal.

Em frente à câmara local, onde se concentraram, juntaram-se familiares dos funcionários, deputados de diferentes partidos políticos e curiosos, num total de cerca de 300 pessoas.

A Galp vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano.

Esta decisão, anunciada a 21 de dezembro de 2020, põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos.

Isabel Camarinha lembrou que a Galp já foi pública e foi privatizada, estando agora “à vista” o resultado dessa privatização.

Falando na importância da empresa para o Norte e para o país, a secretária-geral da CGTP atirou responsabilidades ao Governo de António Costa, como segundo maior acionista da Galp.

“O Governo tem grande responsabilidade em tudo isto porque é o segundo maior acionista e é o Governo de Portugal, logo tem de defender os interesses nacionais”, frisou.

Além disso, Isabel Camarinha alertou não serem apenas 1.500 postos de trabalho que estão em causa, mas “muito mais” porque há negócios que dependem da refinaria.

A secretária-geral da CGTP aproveitou ainda para criticar a administração da empresa por não ter falado com os trabalhadores, demonstrando uma “total falta de respeito” para com eles.

Para Isabel Camarinha, não é o ambiente que está na base desta decisão, mas o “interesse dos lucros dos acionistas”, situação que entende não poder ser aceite pelo Governo.

“Não há justificação nenhuma [para o encerramento], a empresa distribuiu 500 milhões de euros em dividendos em maio passado pelos seus acionistas, a situação da empresa é boa”, considerou.

A pandemia da covid-19 não vai durar “para sempre”, entendeu a sindicalista, reforçando que “brevemente” Portugal voltará a ter os níveis de consumo do passado.

“Vamos ter de ir comprar a Espanha o nosso combustível, não vamos ter condições, Sines não vai garantir tudo o que é necessário”, alertou.

A 30 de dezembro, e numa reunião pública do executivo municipal de Matosinhos, o responsável pela refinaria, José Silva, garantiu que a decisão de encerrar “está tomada e fechada”.

O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.

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