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Mais de mil enfermeiros pediram para emigrar em ano de pandemia

12 jan, 2021 - 10:43 • Lusa

O balanço é da Ordem dos Enfermeiros, que, apesar de reconhecer que o número é inferior aos anos anteriores, fala em dados surpreendentes por se tratar de um ano em que não houve desemprego na enfermagem em Portugal.

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Mais de 1.000 enfermeiros pediram a declaração para exercer no estrangeiro em 2020, um ano marcado pela pandemia e pela dificuldade em contratar estes profissionais em Portugal, anunciou a Ordem dos Enfermeiros (OE) nesta terça-feira.

No total, a 31 de dezembro de 2020, 1.230 enfermeiros tinham pedido a declaração à OE para emigrar, um número que, apesar de ser inferior aos anos anteriores, a Ordem considerou “surpreendente por se tratar de um ano em que não houve desemprego na enfermagem em Portugal”.

No ano passado, licenciaram-se cerca de 2.700 enfermeiros em Portugal, adianta a Ordem dos Enfermeiros em comunicado.

Estes enfermeiros juntam-se aos mais de 20 mil que já se encontram no estrangeiro e que, apesar de desejarem regressar ao seu país, não o têm feito devido aos vínculos precários, nomeadamente os contratos de quatro meses que estão a ser oferecidos aos Enfermeiros desde o início da pandemia”, salienta.

Para a OE, “este é mais um sinal de alerta que deve levar o Governo a repensar a forma de contratação de enfermeiros e a encontrar mecanismos” para os fixar em Portugal, “numa altura em que toda a Europa se vê novamente confrontada com uma situação de caos nos serviços de Saúde devido à pandemia”.

A Ordem observa, a este propósito, que um dos principais destinos de enfermeiros portugueses atualmente é a Espanha, país que registou mais de dois milhões de infetados e 50 mil mortos.

Com 148 pedidos de certificados, Espanha ultrapassou o Reino Unido e a Suíça na lista de países que mais recebem enfermeiros portugueses.

“Também se nota um aumento de pedidos de recrutamento por parte de países como a Bélgica e a Alemanha, com propostas cada vez mais frequentes e vantajosas”, salienta.

Para a OE, o número de pedidos para emigrar é “muito preocupante e mostra que alguma coisa tem que mudar rapidamente em Portugal”.

Se isso não acontecer, adverte, corre-se “o risco de, muito em breve, não haver enfermeiros disponíveis” no país.

“Logo em março, a OMS alertou os países para encontrarem mecanismos de fixação de enfermeiros, Portugal não o fez. Tornámo-nos no país que importa ventiladores e exporta enfermeiros", alerta a bastonária da OE, Ana Rita Cavaco, citada no comunicado.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.934.693 mortos resultantes de mais de 90,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 7.925 pessoas dos 489.293 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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