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Conferência Episcopal

Bispos Portugueses dizem que “a ideia de que os idosos são descartáveis é um escândalo” que se revelou “em toda a sua brutalidade”

01 jan, 2021 - 16:31 • Henrique Cunha

Numa reflexão sobre “os desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”, a Conferência Episcopal (CEP) sublinha que “devemos isolar de nós o vírus e não o idoso, tornando-o desumanamente solitário”. Os bispos sustentam que “sentir-se solitário é o equivalente social a sentir dor física”.

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Numa reflexão sobre “os desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”, a Conferência Episcopal (CEP) sublinha que “devemos isolar de nós o vírus e não o idoso, tornando-o desumanamente solitário”. Os bispos sustentam que “sentir-se solitário é o equivalente social a sentir dor física”.

A CEP recorda palavras do Papa Francisco: "Isolar os idosos e abandoná-los à responsabilidade de outros, sem um acompanhamento familiar adequado e amoroso, mutila e empobrece a própria família. Além disso, acaba por privar os jovens daquele contacto que lhes é necessário com as suas raízes e com uma sabedoria que a juventude, sozinha, não pode alcançar".

Os Bispos avisam também para outros riscos da pandemia. “Com a pandemia arriscamo-nos a deixar para trás faixas da população que já eram frágeis e que viram agravar a sua situação”, sublinha o texto em que se faz notar também que “este tempo faz-nos olhar com preocupação para o fosso escandaloso entre os ricos e os pobres, entre os privilegiados e os não-privilegiados”. “Em muitos lugares, o doente, o mais velho e o deficiente sofreram de forma mais grave, muitas vezes com poucos ou quase nenhum cuidado de saúde”, defendem os bispos, ao mesmo tempo que garantem que “o preconceito racial continua a existir”.

Os bispos afirmam que as “pessoas das periferias, sobretudo migrantes, refugiados e prisioneiros, têm sido os mais afetados por esta pandemia”.

O texto com 53 pontos reflete sobre os desafios pastorais, sobre a solidão, sobre a inclusão e a solidariedade, sobre a Igreja doméstica, e sobre a Igreja e a Pandemia, entre outros temas.

No documento, a CEP garante que a “Igreja em Portugal, através dos seus Bispos, sente-se unida a quantos foram diretamente atingidos pela pandemia e sofrem nas suas casas e famílias, nos lares e nos hospitais, na Igreja e suas instituições” e manifesta “reconhecimento e gratidão a todos os que mais de perto têm tido a missão de conduzir o país, mesmo com decisões difíceis, aos prestadores de serviços na saúde, nas escolas, nas instituições de solidariedade e a todos os voluntários que enfrentam mais de perto todo o tipo de riscos.

A reflexão “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”, aprovada a 13 de novembro de 2020 na Assembleia Plenária da CEP e divulgada a 1 de janeiro de 2021, vem no seguimento do documento “Recomeçar e Reconstruir – Reflexão da CEP sobre a sociedade portuguesa a reconstruir depois da pandemia Covid-19”, aprovado a 16 de junho na Assembleia Plenária da CEP.

Leia aqui a reflexão da CEP na íntregra.

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