18 dez, 2020 - 07:50 • Liliana Carona
Os alunos e alunas de Desporto do 10.º de escolaridade da Escola Secundária de Seia aproveitam a hora de teste, que terminou mais cedo, para desfrutarem os raios de sol.
“Para mim é pior estar na sala de aula, porque eu estou à porta”, começa por explicar Sara, de 17 anos, interrompida por Marco, de 16, que diz que, com o frio, “o nível de concentração é totalmente diferente”.
Com as mangas das camisolas repuxadas até aos dedos das mãos, os alunos saem apressados da sala de aula para a rua, onde está mais calor, apesar do termómetro marcar 5 graus.
“A semana passada tínhamos aquecimento só no pavilhão e não nas salas de aulas, é só em algumas salas que o problema existe. Houve qualquer coisa na caldeira”, justifica outra das alunas, acrescentando que na sala de TIC tinham aquecimento.
“Há partes de pavilhões que não têm, a biblioteca não tem por exemplo”, diz outro aluno. “O pavilhão onde fazem exercício, em si, não tem muita proteção a nível do frio e com zonas abertas, chove lá dentro, pode haver um descuido e escorregamos na água e partimos alguma coisa. Hoje está sol, estamos melhor na rua do que lá dentro”, insiste Marco.
O problema persiste em algumas salas de aulas desde o início de novembro ou, como afirmou fonte da direção escolar, desde há vários anos, faz com que os alunos vão equipados para a escola com reforço de agasalhos. “Casacos e mantas, garante Sara. “Já chegamos a trazer mantas, roupa térmica”, declara outro colega.
Uma opção também seguida pelo professor de Educação Física, Paulo Batista, 43 anos. “Curiosamente, temos alguns cuidados no tipo de vestuário que usamos. Um bom sapato para que a pessoa nunca tenha frio e nunca retiro o casaco”, conta.
Não sentir frio é impossível porque ali, na Escola Secundária de Seia e como em todas as escolas, são cumpridas as novas normas de prevenção da pandemia.
“Eles lá em Lisboa não se mentalizam que nós estamos na Serra da Estrela e, por causa da covid-19, temos de arejar as janelas... as salas sem aquecimento, depois mais o frio da janela e da porta é muito complicado”, destaca Marco.
Fonte da direção escolar confirmou os problemas relacionados com o aquecimento, nomeadamente dois problemas técnicos. Um recentemente resolvido e outro ainda sem data de conclusão.
“Reportámos esta situação no início do mês de novembro aos serviços da Câmara Municipal de Seia, porque são eles que têm essa competência na área da gestão dos equipamentos e dos edifícios. O presidente da Câmara de Seia já fez um esclarecimento público sobre a situação, dizendo que no dia de ontem seria instalada uma das bombas que tinha avariado e isso confirma-se, já temos um bloco a funcionar com a totalidade do aquecimento, mas ainda falta um equipamento para abastecer o aquecimento do bloco A e, para esse, ainda não há previsão de entrega. No entanto, irá demorar algum tempo porque as transportadoras e os fornecedores estão com dificuldades em arranjar as peças no mercado, uma vez que o equipamento que temos já se encontra descontinuado no mercado”.
A mesma fonte lamenta que as condições sejam estas há vários anos e reivindica, por isso, uma requalificação urgente das janelas, caixilharia e instalação de um sistema mais moderno de consistência térmica nos edifícios.
“Efetivamente, os alunos queixam-se, mas temos esclarecido que é um problema que nos ultrapassa, que não está nas nossas mãos a solução breve. Trouxemos mais agasalhos e cobertores, é verdade, e não é uma situação só deste ano.”
“Noutros anos, tivemos o mesmo problema, face à falta de consistência térmica nos edifícios (porque eles são velhos, as janelas são antigas, e não conservam a temperatura) não existe conforto a esse nível, agravado pelas normas para o decorrer das aulas em contexto de pandemia.”
“Estamos sensibilizados para abrir as janelas e fazer o arejamento, e aí a situação do frio é agravada. Precisa de obras, uma requalificação profunda a nível da caixilharia, colocação de vidros duplos que nunca existiram”, denuncia mesma fonte.
“Hoje está sol, estamos melhor na rua, do que lá dentro. É preferível estar cá fora do que lá dentro”, reforçam os estudantes.