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"Se se sentir sozinho leia esta carta". Crianças de Queluz e Belas escrevem a idosos

17 dez, 2020 - 11:59 • Manuela Pires

A Junta de Queluz e Belas desafiou as crianças e jovens da freguesia a escreverem uma carta a um idoso e mais de 180 responderam com textos e desenhos. As respostas chegaram esta semana às escolas.

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Crianças que escrevem a idosos - Reportagem de Manuela Pires
Idosos ficaram sensibilizados e alguns pedem que a iniciativa se prolongue no tempo. Ouça aqui a reportagem de Manuela Pires

“Olá avozinha ou avozinho, eu sou a Catarina, tenho 9 anos e ando na escola EB 1 de Belas. Eu sou carinhosa e você? Não saia de casa para se proteger.”

Assim começa a carta que a Catarina escreveu a um idoso da freguesia de Queluz e Belas. É uma das mais de 180 cartas e desenhos assinados por crianças daquela freguesia de Sintra, que a Junta recebeu e distribuiu esta semana entre a população sénior para assinalar o mês do idoso.

“Todos anos assinalamos aqui na freguesia o mês do idoso (que se comemora em outubro), mas este ano teve de ser diferente”, conta à Renascença Paula Alves, a presidente da União de freguesias de Queluz e Belas.

A junta contactou as escolas e pediu aos alunos para escreverem cartas aos idosos, que nesta altura estão ainda mais isolados por causa da pandemia de Covid-19. Os alunos embarcaram no desafio e quiseram saber para quem estavam a escrever, se os idosos estavam sozinhos, se estavam todos bem.

A curiosidade foi tanta que, esta quarta-feira, os alunos receberam na escola cartas com as respostas dos idosos.

“Esta iniciativa acabou por estabelecer uma relação estreita entre os alunos e os séniores", alguns deles institucionalizados, outros a viver nas suas casas e que "são apoiados pelos serviços sociais da junta”, explica Paula Alves.

Natália tem 81 anos de idade, recebeu a carta em casa e quis responder à sua nova amiga.

“Gostei da tua carta e agora tens mais uma amiga. Perguntas como foi a minha quarentena, digo-te que fiz caminhadas e passeios e todos os dias tomava um café com a minha vizinha Isabel”, escreve na carta de resposta a uma das alunas. Natália ficou tão emocionada que está investida em conhecer a sua nova amiga, “quando tudo isto do Covid passar”.

Nas cartas, os alunos dão conselhos aos idosos para se manterem em casa protegidos, para lavarem as mãos e usarem sempre a máscara quando saem à rua. Contam como passaram a quarentena e querem saber se os destinatários estão bem de saúde.

Alguns dos mais pequenos optaram por enviar desenhos, como Carlos Henriques, que ilustrou o novo coronavírus para o mandar embora, pedindo aos idosos na legenda que não tenham medo, “porque os médicos estão aqui para vos ajudar”.

À Renascença, Amadeu, que recebeu uma das cartas dos alunos em casa, aplaude o que diz ser “uma ideia brilhante que deve continuar” para lá do Natal e desta comemoração do mês do idoso.

“É uma iniciativa que deve continuar, porque é importante este convívio entre as pessoas de todas as idades.”

Na resposta à carta do Martim, pede-lhe que estude muito para ter "uma vida boa e feliz". Assinado: "o amigo maior Amadeu".

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