08 dez, 2020 - 18:40 • Pedro Azevedo
O Conselho de Disciplina da FPF reúne-se esta quarta-feira e irá determinar as consequências disciplinares dos incidentes ocorridos no Famalicão-Sporting do passado sábado.
No final do jogo houve “mosquitos por cordas” no túnel de acesso aos balneários e o presidente do Sporting foi muito crítico quanto à arbitragem de Luís Godinho. O treinador do Famalicão, João Pedro Sousa, disse “sentir vergonha” pelas ocorrências e pediu “mais juízo a treinadores, jogadores e dirigentes”.
Em declarações a Bola Branca, Jorge Silvério, especialista em Psicologia do Desporto, considera que as declarações do treinador do Famalicão são relevantes no contexto da má imagem deixada pelos intervenientes dos conflitos após o jogo de Famalicão.
“João Pedro Sousa chamou a atenção para um aspeto que me parece fundamental, o papel que os treinadores e dirigentes podem ter enquanto modelos. Ao pronunciarem-se sobre determinadas situações são modelos para os jovens e foi importante o facto de o treinador do Famalicão ter pedido desculpa e reconhecido alguma da culpa do que se passou e da má imagem transmitida com toda a confusão que houve. Seria muito relevante que de forma pedagógica todos os intervenientes no futebol percebessem o papel que têm e que aquele tipo de conflito não beneficia ninguém e só prejudica o futebol. Se todos os envolvidos perceberem isso, o nosso futebol será melhor e sairá dignificado. No fundo, é o que todos pretendemos”, conclui.
O papel do desporto no período pós-Covid
No espaço de opinião semanal, em Bola Branca, o psicólogo do Desporto Jorge Silvério aborda também a declaração dos 118 países membros da ONU que solicitaram aos respetivos governos a inclusão da atividade física e do desporto, nos planos de recuperação pós-Covid 19. É também fundamental que a estratégia de cada país para um desenvolvimento sustentável incluísse o desporto.
Jorge Silvério junta a esta declaração conjunta a diretiva da Organização Mundial de Saúde sobre a atividade física e o comportamento sedentário.
“Poderiam ser evitadas cinco milhões de mortes por ano se a população em todo o mundo fosse mais ativa com pelo menos 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada a vigorosa para todos os adultos, e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes. E como andamos todos muito preocupados com o impacto na economia estima-se que a poupança seria de 54 milhões dólares em assistência médica direta e cerca de 14 milhões de dólares em perda de produtividade. Claramente, a atividade física regular é fundamental para prevenir e controlar uma série de doenças, e no que me diz mais respeito, para diminuir os sintomas de pressão e ansiedade, reduzir o declínio cognitivo, melhorar a memória, e exercitar o que é a saúde mental. Qualquer tipo de atividade física é importante para melhorar a saúde e o bem-estar. E estes números são extremamente importantes e devem-nos fazer refletir e mudar comportamentos”, sublinha Jorge Silvério.