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Marcelo é recandidato porque "não troca as adversidades e impopularidade pelo comodismo"

07 dez, 2020 - 18:02 • João Carlos Malta

Era o segredo mais mal guardado da política portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa acaba de anunciar que vai concorrer pela segunda vez à presidência da República.

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Marcelo Rebelo de Sousa anunciou esta segunda-feira, em Lisboa, a recandidatura ao cargo de Presidente da República. "Sou candidato á presidência da República", disse. O agora candidato anunciou as razões que o levam a recandidatar-se e também os motivos pelos quais só agora faz o anúncio.

Próximo de completar 72 anos, no dia 12 de dezembro, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito Presidente da República à primeira volta nas eleições de 24 de janeiro de 2016, com 52% dos votos.

Depois de quebrar o tabu, Marcelo elencou as razões que o levaram a avançar. "Temos uma pandemia a enfrentar, temos uma crise económica e social para vencer, e uma oportunidade única, para além da crise, mudar Portugal para melhorar na economia, mas sobretudo no dia-a-dia e na coesão social e territorial".

Porquê só agora?

Muito criticado por alguns setores devido ao tardio anúncio da recandidatura a Belém, Marcelo explicou que só agora o faz "porque quis promulgar as novas regras eleitorais antes de convocar a eleição", e "quis convocar como Presidente antes de avançar como cidadão".

Outra razão para só a pouco mais de um mês das eleições anunciar que é candidato, é o do avanço da pandemia no Outono. O Presidente garantiu que "quis tomar decisões essenciais sobre o novo estado de emergência, em tempos tão sensíveis como o Natal e o fim-de-ano.

O agora candidato afirmou ainda que não ia "sair a meio de uma caminhada exigente e penosa". "Não vou fugir às minhas responsabilidades. Não vou trocar as adversidades e impopularidades de amanhã, pelo comodismo pessoal de hoje. Porque como há cinco anos cumpro um dever de consciência", reitera.

"Um Presidente que não instabilize"

Marcelo garante que vêm aí tempos em que será necessário "um Presidente que não instabilize, antes estabilize, que não divida, antes una os portugueses e que puxe sempre pelo que de melhor existe em Portugal".Isto porque, defende, o caminho a fazer exige proximidade e descrispação.

Esta segunda-feira, em entrevista ao Observador, Ana Gomes tinha dito que “Marcelo é o maior instabilizador do Estado". Em causa, as declarações recentes do Presidente sobre o acidente de Camarate, afirmando que "é a maior suspeita que se pode levantar sobre todas as instituições do Estado e há que reabrir o caso”.

Antes de anunciar a decisão, Marcelo falou sobre a escolha do local para o anúncio e saudou os adversários na corrida a Belém. “Defendo há muito tempo que deve haver debates frente-a-frente com todos os candidatos e assim farei”, compromete-se.

O candidato disse ainda ser agora o mesmo que em 2016 se apresentou para o primeiro mandato, ou seja, "português logo universalista, convictamente católico, com primazia à dignidade da pessoa, ecuménico e republicano, avesso a corrupções. Determinadamente social democrata e por isso defensor da democracia e da liberdade. Toda ela”.

A Renascença já tinha avançado que a recolha de assinaturas estava em curso e, apesar de serem candidaturas em nome próprio, a máquina do PSD está a ser mobilizada, como sempre acontece nestes casos e como aconteceu há cinco anos.

O prazo para a apresentação formal da candidatura e entrega das assinaturas é 24 de dezembro, um mês antes da data marcada para a ida às urnas.

As eleições presidenciais estão marcadas para 24 de janeiro. Os outros candidatos já anunciados são Ana Gomes, Marisa Matias, João Ferreira, André Ventura, Tino de Rans, Tiago Mayan Gonçalves e Bruno Fialho.

Nos termos da lei, se nenhum dos candidatos obtiver mais de metade dos votos validamente expressos, excluindo os votos em branco, haverá um segundo sufrágio, 21 dias depois do primeiro, entre os dois candidatos mais votados - neste caso, será em 14 de fevereiro.

O próximo Presidente da República tomará posse perante a Assembleia da República no dia 9 de março de 2021, último dia do atual mandato de cinco anos de Marcelo Rebelo de Sousa.

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  • Filipe
    07 dez, 2020 évora 19:12
    Tal não significa ter feito uma boa Presidência , aliás , só daqui a uns 20 anos se vai perceber a devastação humana a qual chegou esta Presidência , com mais de 5000 mortes pela Covid -19 hoje ... amanhã umas 100.000 mortes , que se lixe ainda vai tocando aos outros , pensarão os Ministros e restante comitiva . Eram apenas 15 dias de confinamento a sério , teriam poupado muitas vidas num país tão pequeno comparado com as multidões de outros . Mas , o que interessa é a economia , mas no fim a economia vai perder perante estas medias ou terá os Governos de a sustentarem anos a fios , pois venha vacina qual for , mesmo com o vírus presente o abismo continua .

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