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​Covid-19. Sobrelotação de hospitais é evitável com “planeamento” e “preparação”

04 dez, 2020 - 07:00 • Cristina Nascimento

Dois médicos, um de Nova Iorque, outro de Londres, foram à Web Summit contar os problemas que sentiram na linha da frente durante a pandemia.

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Michael Dowling é médico e presidente executivo de uma rede de unidades de saúde na cidade de Nova Iorque. Quando a primeira vaga da Covid-19 chegou em força, os hospitais da cidade quase não aguentaram, relata Dowling.

“Não fizeram o que deviam ter feito, que é equilíbrio de doentes, mudá-los de sítio para outros locais menos ocupados”, diz, garantindo que este tipo de cenários pode ser evitado.

Dowling responde na Web Summit, numa conferência sobre os problemas sentidos na linha da frente dos profissionais de saúde.

“Pode-se evitar isto se se planear com antecedência, usar a rede de transportes para transferir doentes e realocar funcionários. Tudo se resume a bom planeamento e boa preparação”, remata.

Lição aprendida e, à boa maneira norte-americana, Dowling garante que, se houver nova vaga, o cenário não vai repetir-se.

E como foi a assistência aos doentes não-Covid? “Tivemos de fechar muitos serviços, sobretudo para reorganizar os profissionais de saúde”, explica. Ainda assim, garante que os casos urgentes continuaram a ser tratados. “Continuámos a fazer operações ao coração, continuamos a tratar doentes com cancro, continuamos a tratar os casos que, se não o fizéssemos, teriam consequências muito negativas ou até morte”, refere.

Dowling foi também questionado pelo estado de espírito dos profissionais de saúde. “Está em alta”, assegura, e conta o segredo.

“Gastámos uma quantidade extraordinária de tempo a trabalhar diretamente com o nosso pessoal, ao nível da comunicação, dando o maior apoio mental, espiritual, físico e psicológico possível”, revela.

Deste lado do oceano, no Reino Unido, Dame Til Wykes corrobora.

“A questão dos trabalhadores do sistema de saúde, quem olha por eles, quem os apoia… Tudo depende da forma como a administração os ajuda a ultrapassar”, refere esta psicóloga e vice-reitora da King’s College, em Londres.

Dame Wykes reconhece que, no início da pandemia, os profissionais de saúde sofreram muita pressão e ansiedade, sobretudo porque não sabiam “como tratar as doenças relacionadas com a Covid”.

Com o tempo foram aprendendo e a gestão passou a fazer-se melhor.

Mas no que toca a efeitos psicológicos, os doentes, em particular os que foram internados em unidades de cuidados intensivos, ficam com sequelas comparáveis a quem passou por uma guerra.

“Quando os doentes são admitidos nos Cuidados Intensivos sabem que há uma hipótese de morrerem e isso é uma situação muito traumática. A definição de stress pós-traumático inclui eventos onde se pode morrer ou se enfrenta sérias dificuldades”, esclarece a especialista.

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