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Natal com poucas pessoas à mesa e passagem de Ano sem festas, diz Costa

01 dez, 2020 - 11:47 • Eunice Lourenço , Carla Caixinha

O plano de confinamento para o Natal será anunciado no próximo sábado, enquanto o plano nacional de vacinação contra a Covid-19 é revelado esta quinta-feira.

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O Governo vai decidir já no sábado as regras para o período de Natal e Ano Novo. E quanto menos forem à mesa melhor será, disse o primeiro-ministro em entrevista à Rádio Observador, lembrando que este não será "um Natal normal".

O desejo é que fosse um Natal normal, mas não vai ser. Quanto mais o Natal for à mesa… mais perigoso, porque estamos sem máscara; e quanto mais pessoas estiverem à mesa, mais perigoso é porque maior é o risco de contaminação”, lembra o primeiro-ministro.

E já a passagem do ano será com todas as restrições. “ Não haverá seguramente festas de fim de ano” e o recolher obrigatório pode evoluir das 23h00 para a uma da manhã.

Nesta entrevista, o chefe do Executivo revelou que o calendário escolar não será alterado. “As férias de Natal não serão antecipadas”, disse.

Costa justificou as paragens dos dias 30 de novembro e do dia 7 de dezembro com um “esforço adicional” de confinamento.

“Temos de fazer um grande esforço para controlar esta segunda vaga. Temos de ter um dezembro estável, porque janeiro e fevereiro é o período de maior frio, em que normalmente há o pico da gripe e os riscos aumentam”, o que leva a uma pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde.

O plano de confinamento para o Natal será anunciado no próximo sábado pelo Governo. Segundo António Costa, as medidas serão definidas a partir de mais uma reunião do Infarmed, que terá lugar na quinta-feira.

Plano de vacinas apresentado quinta-feira

O primeiro-ministro negou que o país esteja atrasado no planeamento da vacinação contra a Covid-19, apesar de reconhecer que o plano só será apresentado na quinta-feira, dois dias do prazo definido pela Comissão Europeia para entrega dos planos nacionais.

“O prazo que a Agência Europeia do Medicamento tem previsto para poder aprovar as vacinas será em finais de dezembro e princípios de janeiro. Antes de isso, as vacinas não estarão disponíveis para serem distribuídas e aplicadas. A Comissão Europeia tinha definido até ao final de novembro para a definição dos planos nacionais. O nosso será apresentado na quinta-feira à tarde”, disse Costa, que voltou a considerar “politicamente inaceitável” não vacinar os maiores de 75 anos.

Explicou que o que veio até agora a público foi um documento técnica que não deveria ter sido divulgado. E que a decisão sobre as prioridades de vacinação terá de ter um suporte técnico, mas também terá de ter em conta critérios éticos e políticos.

Isto não é a Roménia de Ceausescu onde os cientistas estão condicionados pelo poder político. Os cientistas produzirão as melhores recomendações. Agora, o decisor político tem de decidir com base na melhor informação científica, mas tem de decidir também por critérios políticos”, defendeu.

A divulgação de um documento técnico em que os maiores de 75 anos saudáveis e que não vivam em lares seriam a última das cinco prioridades de vacinação levou o Presidente da República a dizer que seria uma “ideia tonta”.

“O sr. Presidente formulou de uma maneira mais ligeira dizendo que é uma ideia tonta, o que eu disse é que há ideias que não são aceitáveis politicamente”, reafirmou Costa, que esta quarta-feira à tarde tem uma reunião de trabalho sobre o plano de vacinação que será apresentado no dia seguinte.

Bloco foi “oportunista” e desertou

Quanto a questões políticas nacionais, o primeiro-ministro acusou o Bloco de Esquerda de oportunismo e deserção na votação do Orçamento do Estado.

“Quem não quis nenhum acordo foi o Bloco de Esquerda. Desertaram”, disse Costa, argumentando que os bloquistas partiram do princípio que o PCP, que tinha votado contra o orçamento suplementar, iria também votar contra o Orçamento para 2021 e não queriam ficar sozinhos ao lado do Governo.

“O Bloco de Esquerda partiu do seguinte pressuposto: o Governo vai ser muito impopular, fiquem sozinhos com a vossa impopularidade, nós vamo-nos pôr ao fresco. Foi isto que o Bloco de Esquerda pensou e, se bem o pensou, melhor o fez: pôs-se ao fresco”, acusou o primeiro-ministro, que já vê nas sondagens a penalização aos bloquistas.

“Os portugueses são muito mais sábios do que aquilo que é a bolha político mediática e, portanto, percebem bem o que é este tipo de oportunismo e não é por acaso que as sondagens estão a dar o Bloco de Esquerda em queda. Seguramente não há-de ser irreversível, mas em queda forte, porque as pessoas não perdoam”, continuou Costa. Mas questionado sobre se ele próprio perdoa e pode voltar a negociar com o Bloco, respondeu: “Um primeiro-ministro não pode viver em estados de alma.”

Para Costa, o Bloco apresentou o artigo a inviabilizar a transferência de quase 500 mil milhões para o fundo de resolução da banca também numa lógica de oportunismo e como vingança por o PCP viabilizar o Orçamento.

Na entrevista, António Costa escusou-se, com o argumento da separação de poderes, a falar sobre eleições presidenciais, inclusive sobre a sua organização em tempos de pandemia. “Já sei em quem vou votar e não votarei em branco”, disse o primeiro-ministro.

No que diz respeito a questões europeias, Costa manifestou-se confiante nas negociações sobre o pacote financeiro. Esta tarde, tem uma reunião em Bruxelas com o presidente do Conselho Europeu.

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  • Luis dos Santos Ferr
    01 dez, 2020 Parede 17:11
    Diz o Senhor Primeiro Ministro (Sr. P. M.) "...janeiro e fevereiro é o período de maior frio, em que normalmente há o pico da gripe e os riscos aumentam” Sr P. M. eu gostaria de contribuir para diminuir esses riscos do pico da gripe. Para tal, era importante que através da hierarquia do SNS fizesse chegar ao Centro de Saúde da Parede a informação que habilite este Centro a comunicar-me a data da minha tomada da vacina da gripe que já esteve marcada para 16 de novembro deste ano.

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