28 nov, 2020 - 13:28 • Susana Madureira Martins
Depois do desaire nas autárquicas de 2017, em que o PCP perdeu 10 autarquias – caso de bastiões como Almada e Barreiro, no distrito de Setúbal – a maior parte delas para o PS, os comunistas já têm definido o guião para se reforçarem "com mais votos e mais mandatos" nas eleições do próximo ano.
Armindo Miranda é um peso pesado do PCP, membro da comissão política do Comité Central, e avisou o partido que é preciso trabalhar e já para as autárquicas, referindo mesmo que não se pode deixar a coisa "lá para maio ou junho, é já a partir do início do ano que tem de ser feito, de forma decidida e determinada".
Que ninguém se ponha a dormir na forma, portanto. Armindo Miranda quer gente na "rua para a conversa direta cara a cara com a população, sem bandeiras e sem ser necessário falar de eleições". É ouvir, ponto e com extrema paciência, com o dirigente comunista a pedir que se faça tudo "sem sobranceria ou impaciência, ouvir mesmo que sejam críticas" ao trabalho do partido.
E fica o apelo de Miranda a que não se deixe "ninguém sem resposta, mesmo que seja dada nos dias a seguir". Ou seja, a resposta pode tardar, mas que não falhe, é preciso "conhecer, aprender, registar os principais problemas das populações".
Trabalho, trabalho e mais trabalho. É o que se exige ao partido, para que não se repita 2017. E ao mesmo tempo que se ouvem pessoas, que se prestem "contas à população", com Armindo Miranda a avisar: "a obra não fala por nós, nós é que temos de falar dela".
É preciso, então, "fundamentar e explicar bem" porque razão não se realizaram "as obras que a população esperava que acontecessem" nos municípios a que o PCP preside, bem como explicar "os atrasos e insuficiências do trabalho da autarquia". A ordem é "informar, esclarecer, dúvidas existentes" e onde o partido é "minoria prestar contas à população".
O partido quer "concorrer a todos os órgãos municipais e ao maior número de juntas de freguesia possível" e Armindo Miranda conta com todos, fazendo um namoro cerrado aos independentes, lembrando que "em 2017 participaram nas listas da CDU cerca de 12 mil" e que agora há "condições para manter ou mesmo reforçar essa participação".
Valem todos: "mulheres, homens, jovens democratas sem partido, tantas vezes ligados aos movimentos de massas como as comissões de utentes e ao próprio movimento associativo que estão disponíveis" e aí, pede Miranda, é "abordá-los, saber da sua disponibilidade e se for o caso integrá-los no trabalho", sendo esta "uma das tarefas importantes no imediato".
Já e em força para o terreno, para se conseguir "um grande resultado eleitoral nas próximas eleições autárquicas", com o dirigente comunista a terminar a intervenção com um "ao trabalho, camaradas". E não, não soou a mera retórica partidária.