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Congresso do PCP. Jerónimo ignora Bloco, ataca PS, quer mais militantes e não diz se fica ou sai

27 nov, 2020 - 14:14 • Susana Madureira Martins , Cristina Nascimento

Congresso do partido realiza-se até domingo, em Loures, num evento marcado pelas medidas de segurança Covid-19.

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O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, discursou durante mais de uma hora na abertura do congresso do Partido, com críticas em vários sentidos e apelos internos.

A mensagem mais clara e mais repetida, no arranque do XXI congresso que se realiza em Loures, é que o PS cabe no mesmo saco do PSD e do CDS.

“O processo de rearrumação de forças que setores mais reacionários promovem para recuperar na plenitude as condições para retomar a sua ofensiva exige a denúncia das opções do PS e do seu Governo e da convergência que, com o beneplácito do Presidente da República, se verifica entre PS e PSD em questões essenciais e o combate e o confronto com os projetos reacionários que PSD e CDS e seus sucedâneos políticos têm em curso”, disse Jerónimo de Sousa naquela que foi também a única crítica aberta a Marcelo Rebelo de Sousa neste discurso.

De realçar que, Jerónimo de Sousa dirigiu uma palavra sobre todas as forças partidárias com assento parlamentar, exceto uma: o Bloco de Esquerda, antigo parceiro na coligação com o PS que permitiu viabilizar o Governo PS na legislatura anterior.

PS à direita, PCP não desiste de batalhas

O secretário do PCP aproveitou, aliás, a oportunidade para também fazer contas à geringonça, numa espécie de justificação que o líder comunista faz junto do seu próprio partido, tendo em conta que foram tantas as críticas internas a esta solução política. Jerónimo a garantir que esta aposta não foi em vão e a identificar um PS que a partir de 2019, perante outras circunstâncias, revelou-se.

“O PS encontra-se desde então mais liberto para dar expressão sem condicionamento às opções de política de direita que o caracterizam e isso tem vindo a confirmar-se nas opções essenciais da ação governativa do seu atual governo minoritário”, afirmou o líder comunista, dando depois exemplos desta governação mais à direita.

“O Governo do PS manteve o seu compromisso de classe com o capital monopolista, assegurando-lhe por via da legislação laboral as condições para agravar a exploração, tem mantido intocáveis os interesses associados às PPP’s, não reverteu para o controlo do Estado empresas estratégicas como os CTT, deu continuidade à entrega de milhares de milhões de euros à banca como revela o caso escandaloso do Novo Banco”, enumerou.

Olhando para o Orçamento do Estado aprovado na quinta-feira, Jerónimo de Sousa garante que foi o PS alinhado com PSD que “não permitiram que o Orçamento acolhesse um conjunto de medidas que mais globalmente se impunham”.

Ainda assim, acrescenta Jerónimo, há trabalho feito pelo PCP: “a persistência do PCP, a sua determinação em não desistir do país, em não desistir de nenhum combate antes de o travar, permitiram inscrever na versão final do Orçamento do Estado medidas que terão tradução concreta na vida dos trabalhadores e do povo”.

Recados internos

Nesta intervenção do secretário-geral do PCP, ficou ainda patente a crise de recursos financeiros humanos e de militância do partido, aflito com as contas a vários níveis.

“O recrutamento de novos militantes nos últimos anos foi importante, constitui fonte de renovação e rejuvenescimento, cerca de dois terços dos novos militantes tinham menos de 50 anos quando aderiram ao partido. Mas não compensou as saídas, havendo uma redução do efetivo partidário”, disse Jerónimo.

Nesta intervenção, o líder do PCP também não falou sobre um dos assuntos que foi mais abordado antes do início deste congresso: a sucessão de Jerónimo de Sousa como secretário-geral.

Jerónimo de Sousa não aludiu à questão nem para dizer se fica, se fica só mais um bocadinho ou se dá o lugar a alguém.

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