Tempo
|
A+ / A-

Trabalhadores dos CTT cumprem primeiro de três dias de greve na segunda-feira

28 nov, 2020 - 15:43 • Redação com Lusa

As reivindicações de aumentos salariais e reforço de colaboradores para o serviço postal já foram contestadas pelos Correios.

A+ / A-

Os trabalhadores dos CTT vão estar em greve na segunda, quarta e quinta-feira, exigindo aumentos salariais e reforço de colaboradores para o serviço postal, reivindicações já contestadas pelos Correios de Portugal.

Em declarações à Lusa, o secretário geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vitor Narciso, disse que a greve deverá ter “um grande impacto no atendimento e no tratamento e distribuição de correspondência".

"É essa a intenção, para que a empresa perceba a indignação dos trabalhadores e a opinião pública perceba o que se passa nos CTT”, explicou.

De acordo com o sindicalista, o objetivo é que “seja reposta a normalidade nos CTT em termos de contratação coletiva e de qualidade do serviço público que é prestado à população".

Serviço público que "é cada vez pior, com os atrasos a aumentar na distribuição de correspondência”.

A 17 de novembro, Vitor Narciso lembrou ainda que o processo negocial se arrastara desde o início do ano e acabara sem qualquer acordo, já em fase de conciliação do Ministério do Trabalho. A empresa alegara falta de liquidez para os aumentos salariais.

“A empresa disse que não tinha dinheiro, mas pouco depois distribuiu prémios, com critérios subjetivos, e antecipou o pagamento do subsídio de Natal, parece que o problema não seria a alegada falta de liquidez, mas sim a falta de vontade de aumentar os salários”, afirmou o sindicalista, na altura.

ANCEC e ANRED surpreendidas


Na sexta-feira, em comunicado, a Associação Nacional dos Chefes de Estação dos Correios (ANCEC) manifestou a sua total discordância e incompreensão em relação à greve geral convocada. Considerou-a “totalmente inoportuna” e sublinhou que “em nada vem contribuir para a união dos profissionais dos CTT”.

A Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição (ANRED), por seu turno, assegurou que a paralisação, “mais uma vez, tem na sua base motivações estritamente ideológicas e políticas”. Nas atuais condições, é “oportunista e lesiva dos interesses dos trabalhadores”.

Ambas as estruturas manifestaram surpresa e incompreensão em relação ao agendamento da greve geral, tendo em conta a atual conjuntura do país.

CTT argumentam contra greve


Os CTT já tinham condenado a greve devido à data escolhida, garantindo que não faltam colaboradores no quadro e que vão ser pagos prémios aos trabalhadores.

A 19 de novembro, os Correios vincaram que os compromissos com os trabalhadores têm sido assegurados. Os Correios sublinharam que, perante a covid-19, não recorreram ao regime de "lay-off", comparticiparam a vacina contra a gripe e anteciparam o pagamento do subsídio de Natal e dos prémios extraordinários.

Para os CTT, questionar a atribuição de prémios e a antecipação do subsídio “é de uma enorme insensatez”. Ressalvaram, no entanto, que este custo “em nada é comparável com o impacto que um aumento salarial teria nos resultados da empresa”.

Os Correios lembraram também que, anualmente, já estão salvaguardadas a diuturnidades e progressões de carreira. O incremento foi, em média, de 4% nos últimos três anos.

Adicionalmente, referiram que os resultados da empresa estão a ser “fortemente” impactados pela pandemia e que o crescimento do tráfego de encomendas não compensa a descida do negócio correio. À semelhança do que aconteceu noutros setores, houve um “incremento considerável” de custos para proteger os trabalhadores face ao novo coronavírus.

Os CTT rejeitam, também, as acusações de que faltam trabalhadores no quadro e de que a prestação do serviço postal universal não cumpre os padrões de qualidade.

Os Correios de Portugal notam que sempre cumpriram o indicador geral de qualidade até que, em 2018, “a dois anos do fim do contrato de concessão”, a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) “decidiu alterar os critérios”.

A greve dos CTT abrange a distribuição postal e a rede de atendimento.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+