27 nov, 2020 - 11:30 • Eduardo Soares da Silva
Ukra, avançado de 32 anos, é um dos jogadores do Santa Clara que conta com passagem pelo FC Porto no currículo. O internacional português olha para os exemplos das vitórias de Marítimo e Paços de Ferreira contra os dragões para perspetivar uma surpresa nos Açores, no próximo sábado.
"Olhamos para os bons exemplos que já aconteceram este ano e que têm vindo a acontecer desde a pausa do campeonato por causa da pandemia. Vejo os clubes grandes, sem os adeptos, a perder mais pontos. Perderam um pouco do seu poder, os adeptos empurram para a frente. Nota-se mais a ausência dos adeptos. Olhamos para os bons exemplos e ver o que fizeram bem e aproveitar e fazer da mesma maneira", começa por dizer, em conversa com Bola Branca.
O extremo representa o Santa Clara desde 2018, quando o clube açoriano subiu à I Liga e é uma das figuras do campeonato, com 202 jogos disputados no principal escalão. Ukra foi formado no FC Porto e integrou o plantel na primeira metade da temporada 2010/2011, em que os dragões venceram o campeonato, Taça de Portugal e Liga Europa. Para o avançado, jogar contra o FC Porto é "sempre especial".
"Costumo sempre dizer que muito do que sou hoje devo-o ao FC Porto, pela minha formação como jogador e como homem. Claro que é sempre especial. Passei momentos muito bons, fui para o Porto com 13 anos. É um clube especial e é sempre bom defrontá-los", aponta.
Apesar de ter feito apenas oito jogos na equipa principal com André Villas-Boas, maioritariamente como suplente utilizado, Ukra recorda um ano de aprendizagem.
"A memória que tenho é igual à de toda a gente: foi um ano especial, vencemos todas as provas. Um ano mais de aprendizagem para mim, não joguei tanto devido à qualidade do plantel, mas fez-me crescer. Trabalhar todos os dias com jogadores de grande qualidade faz-nos evoluir", diz.
Ukra diz que face à qualidade de opções na sua posição seria muito difícil ter mais oportunidades na equipa do FC Porto. Em janeiro, Ukra foi emprestado ao Sporting de Braga.
"Havia Hulk, Cristian Rodríguez, Varela e James. Iria ser difícil impor-me, se tivesse sido ano anterior, em que o Porto ficou em terceiro, poderia ter tido mais oportunidades. Foi um ano de aprendizagem, não joguei, mas sentia-me feliz e valorizado. Nem todos podemos ser o Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Falcão ou Hulk. O meu trajeto foi assim e estou orgulhoso", diz.
Entrevista Renascença
O Santa Clara, segundo classificado da I Liga, é a(...)
O Santa Clara está na luta por um lugar na Taça da Liga. Os seis primeiros classificados no mês de novembro disputam a prova e o Santa Clara ocupa o sexto posto, com 10 pontos, os mesmo que Nacional, Rio Ave e Vitória de Guimarães.
Ukra diz que no início do ano a Taça da Liga não era tema de conversa, mas com a qualificação tão próxima tornou-se num objetivo dos açorianos.
"Se calhar no início do ano não falávamos disso, mas agora que estamos em situação que podemos entrar, temos consciência que é possível. Para isso temos de ganhar ao Porto. É difícil, temos os nossos objetivos e temos de encarar o jogo como uma final", aponta.
Para isso, o Santa Clara tem de somar pontos contra o campeão nacional e Ukra reconhece que os dragões têm pontos fracos.
"Como temos vindo a mostrar na I Liga neste três anos, um Santa Clara competitivo, entra para todos os jogos para conquistar os três pontos. É contra um grande, campeão nacional, que fez um excelente jogo em Marselha. Estamos cientes das dificuldades que vamos encontrar, mas vamos tentar anular os pontos fortes e aproveitar os pontos fracos, que todas as equipas têm os seus", explica.
O jogo de sábado marcará ainda o reencontro do Santa Clara com Zaidu, lateral que deixou os açorianos e rumou ao FC Porto neste verão. O lateral fez o seu primeiro golo na Liga dos Campeões na quarta-feira e Ukra vai colocar a conversa em dia no dia de jogo.
"Falámos entre nós já, alguns já falaram com ele. Estou à espera de sábado para estar com ele e pormos a conversa em dia. O Zaidu é uma aposta ganha do Santa Clara, porque dá para ver que há qualidade no Campeonato de Portugal. Tivemos o Zaidu, agora temos o Nené a fazer um campeonato muito bom. Fico contente pela evolução que o Zaidu teve, por tudo o que passou. É um jogador de qualidade e acredito que tendo mais jogos, vai evoluir mais e vai fazer uma carreira muito bonita", perspetiva.
Conhecido como brincalhão, Ukra explica que o ambiente no balneário do Santa Clara é "muito unido". Viver numa ilha promove mais contacto entre os jogadores fora do cenário de treino.
"O ambiente que se vive nos Açores e Santa Clara é muito bom. Somos muito unidos, temos um bom grupo. Viver numa olha faz-nos unir muito mais, a ilha é pequena, junta-se para almoçar, lanchar e jantar. Estamos sempre juntos. A alegria faz parte do dia-a-dia, eles já me conhecem e sabem que têm de levar com o Ukra às 8h30 da manhã, eles gostam. Já não vivem sem o Ukra.
Em último ano de contrato e "muito feliz" no Santa Clara, Ukra "não pensa no futuro, só no presente", o que significa que o extremo "trabalha para dar o melhor do Ukra ao Santa Clara" e atingir os objetivos. "No final vemos o que é melhor para mim", diz.
O avançado fez o primeiro golo da temporada no último jogo, na terceira eliminatória da Taça de Portugal, contra o Beira-Mar. "É uma das coisas que queria melhorar no meu jogo, fazer mais golos. Espero que seja um bom incentivo e um 'click' para que venha a fazer mais", termina.
O Santa Clara, sexto classificado da I Liga com 10 pontos, recebe o FC Porto, quarto com 13 pontos, no sábado, no Estádio São Miguel, às 18h00, jogo com relato na Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt.
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