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D. Jorge Ortiga pede aos sacerdotes que sujem os pés com a história do mundo

25 nov, 2020 - 13:56 • Olímpia Mairos

“Descortinemos o que vai acontecendo na sociedade e não permitamos que construam o mundo sem o nosso contributo”, desafia o arcebispo de Braga.

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O arcebispo-primaz de Braga, D. Jorge Ortiga, refletiu, esta quarta feira, como o presbitério da arquidiocese sobre o ser e a missão do sacerdote.

“Queremos repensar a nossa identidade, pessoal e comunitária, para servir com alegria o povo que quotidianamente nos é confiado por Deus”, afirmou D. Jorge, acrescentando que, em conjunto e em comunhão, serão “capazes de criar todos as condições necessárias para um presbitério feliz e encantado com a missão”.

O Arcebispo Primaz de Braga abordou com os sacerdotes a atualidade marcada pela pandemia que veio agravar também a realidade eclesial e, concretamente, a vida dos sacerdotes.

“Começamos por falar de uma crise sanitária que alterou e altera hábitos e preocupações. Chegamos ao reconhecimento de que se tornou económica com a degradação de estruturas laborais a desencadear desempregos e outras aflições. Experimentámo-la no social com terríveis problemas de desigualdades sociais, onde o indispensável para viver não está a ser oferecido”, nota D. Jorge Ortiga.

“Não sei se é inadequado falar de crise eclesial. São muitas as manifestações que nos preocupam. As igrejas não se enchem por restrições sanitárias, medos ou opções”, referiu o arcebispo.

D. Jorge Ortiga falou também dos centros pastorais que “perderam as movimentações que manifestavam vida e alegria”, dos movimentos eclesiais que “têm dificuldades em agendar as suas atividades e mostrar num ritmo habitual as suas iniciativas”, e dos centros sociais que “acumulam problemas e apreensões não só de ordem económica, mas, sobretudo, de dificuldades sanitárias”.

“A vida pastoral é diferente e não sabemos como a revitalizar”, partilhou D. Jorge Ortiga.

Esperança de um novo começo

Apesar dos limites e dificuldades, o arcebispo de Braga pediu aos sacerdotes que não se deixem cair no desânimo, na nostalgia e na resignação.

“Sabemos que o passado não voltará. Nada ficará na mesma, também na Igreja. Teremos de, positivamente, imaginar um novo projeto e delinear sonhos de harmonia com o que poderemos descortinar como oportunidade e graça. Somos capazes de coexistir alegremente, empenhando-nos numa nova imagem de Igreja a concretizar a partir das comunidades paroquiais”, disse o prelado.

D. Jorge Ortiga entende que “a pandemia é uma adversidade que deve tornar-se esperança de um novo começo” e instou os sacerdotes ao caminho sinodal com todo o Povo de Deus.

“As comunidades devem ter um rosto diferente. A sinodalidade na vida e na decisão vai pedir muita mudança. Não somos tudo nas paróquias. Muitos querem caminhar connosco e tem muitos dons e carismas. Reconhecê-los não é uma mera necessidade. Todos os cristãos necessitam de se comprometer com o Reino”, vincou.

A terminar a sua intervenção, D. Jorge Ortiga deixou “uma palavra de serenidade” e também um desafio.

“Não permitamos que o sol se esconda. Reconheçamos, também, que o mundo espera por nós. Alguns poderão considerar-nos inúteis e ultrapassados. Temos muito para dar. Se até agora tudo girava em torno das igrejas paroquiais, descortinemos o que vai acontecendo na sociedade e não permitamos que construam o mundo sem o nosso contributo”, pediu o arcebispo de Braga aos membros do presbitério.

“Há novos desafios. Sujemos os pés com a história do mundo. Temos capacidades e a mensagem será sempre resposta como foi no passado. Se a Igreja não deixar de ser auto-referencial vai acabar por se perder nas suas questiúnculas internas”, alertou.

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