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Costa admite solução de “geometrias variáveis” para o futuro da UE

23 nov, 2020 - 13:57 • Celso Paiva Sol , com Lusa

Primeiro-ministro confiante na execução do plano que traçou para a presidência portuguesa, que começa a 1 de janeiro. Como pano de fundo, duas grandes prioridades: um forte empenho no combate às alterações climáticas e uma grande aposta na transição digital.

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A solução para as atuais divergências no seio da União Europeia poderá passar por "geometrias varáveis" de integração, defende o primeiro-ministro, António Costa, numa altura em que Portugal se prepara para assumir a presidência da UE, a 1 de janeiro.

A posição de António Costa foi manifestada, esta segunda-feira, na Universidade Católica de Lisboa, durante uma conferência organizada pelo Instituto de Estudos Políticos daquela instituição.

Numa altura em que o Reino Unido se prepara para consumar o Brexit e países como Polónia e Hungria ameaçam bloquear o novo pacote de fundos para responder à pandemia de Covid-19, o primeiro-ministro considera que há um debate para fazer na UE.

"No fundo, é saber se a União Europeia é uma união de valores, ou se, pelo contrário, é sobretudo um instrumento económico para gerar valor económico. Esta distinção é muito importante, porque a incompreensão desta distinção levou seguramente à saída do Reino Unido, que via na União Europeia uma plataforma de geração de valor, mas não algo que resultasse de partilha de valores fundamentais", apontou.

"Temos de nos interrogar se a melhor forma é a rigidez da sua implementação, ou se devemos olhar para a União Europeia com um espírito de maior flexibilidade, assumindo que, tal como Schengen ou o euro não é para todos, temos de ter aqui geometrias variáveis no futuro da União Europeia", admitiu o primeiro-ministro.

Grandes prioridades da presidência portuguesa da UE

Palavras do primeiro-ministro esta segunda-feira na Universidade Católica, onde apresentou as grandes prioridades para a presidência portuguesa da União Europeia, no primeiro semestre de 2021.

Uma missão que ficará marcada pelo combate à pandemia, mas também por outros fatores igualmente incertos.

António Costa lembra que a pouco mais de um mês de assumir a presidência da União, ainda não sabe se dois dos principais dossiers estarão já resolvidos: o acordo de saída do Reino Unido e os fundos europeus desbloqueados.

Nesta conferência, moderada por Durão Barroso, o primeiro-ministro mostrou-se ainda assim confiante na execução do plano que traçou para a presidência portuguesa. Como pano de fundo, duas grandes prioridades: um forte empenho no combate às alterações climáticas e uma grande aposta na transição digital.

Mesmo sem saber se conseguirá organizar todos os conselhos e cimeiras a que se propõe por causa da pandemia, António Costa diz que o grande evento será a Cimeira Social, marcada para 7 e 8 de maio, no Porto. Trata-se de concluir o trabalho que a Suécia começou em 2017, assinando agora a chamada declaração do Porto.

Já no âmbito da política externa, o primeiro-ministro explica que Portugal irá continuar uma tradição que sempre trouxe para as suas presidências europeias, olhar para Africa e agora também para a Índia.

Vacina é a chave para devolver confiança

Para António Costa, o simples facto de existirem vacinas para a Covid-19 em fase final de aprovação já tem o mérito de devolver a confiança à Humanidade.

Mesmo que tudo seja ainda bastante incerto, o primeiro-ministro diz que isso significa que há uma luz ao fundo do túnel.

“Essa confiança é a chave para podermos enfrentar a crise pandémica e as suas consequências económicas e sociais. Mesmo antes de atingirmos os 70% de imunização, o valor necessário para termos uma imunização coletiva, o facto de existir a vacina e de ela provar a sua efetividade devolve à Humanidade uma confiança e segurança de que há uma luz ao fundo do túnel e que o túnel tem mesmo um fim”, declarou António Costa.

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