Tempo
|
A+ / A-

Coronavírus

Cuidados intensivos "em rutura" e há "risco de já não conseguir receber todos os doentes"

19 nov, 2020 - 14:10 • Lusa

Coordenador da Resposta em Medicina Intensiva foi um dos especialistas que marcou presença na reunião do Infarmed.

A+ / A-

Veja também:


O responsável pela Coordenação da Resposta em Medicina Intensiva, João Gouveia, alertou esta quinta-feira para o facto de existir o risco de já não se conseguir receber todos os doentes com Covid-19 que precisem de cuidados intensivos.

"Neste momento, temos 84% de taxa de ocupação das camas de unidades de cuidados intensivos dedicados à Covid-19. Temos o risco de já não conseguir receber todos os doentes que precisem de Medicina Intensiva com Covid-19 e esta situação tem uma variedade regional enorme", afirmou João Gouveia, na reunião do Infarmed, em resposta a uma pergunta do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República tinha questionado João Gouveia sobre o que pensa quanto à situação de stress nos cuidados intensivos.

"Isto é, olhando para os cenários de evolução de casos e de internamentos, concretamente em cuidados intensivos, como é que vê a probabilidade de pressão? Porque isso é naturalmente muito sensível, é fundamental quer para a panóplia de medidas quer para o comportamento genérico dos portugueses, que é a peça fundamental em tudo isto, quer [ainda] para a resposta dos serviços de saúde", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Em resposta, João Gouveia, presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva (CARNMI), manifestou-se preocupado com a situação da Medicina Intensiva, afirmando que há serviços no Norte do país que estão a 113% da sua capacidade e outros que estão com menos noutras zonas do país, entre os 40/60%, lembrando que estes "na verdade, são serviços mais pequenos".

Por isso, o número verdadeiro de camas que está disponível é menor, sublinhou o especialista.

Apesar de ainda haver "almofada", com capacidade de expansão, de poder chegar às 967 camas, João Gouveia mostrou-se preocupado por tal estar a ser feito com "sacrifício da assistência aos outros doentes".

"Isso é uma fatura que vamos pagar depois no fim. Vamos ter de conviver com este vírus durante bastante tempo, e não podemos manter a expansão, porque não é compatível com uma atividade médica normal", salientou.

"Resumindo, estou preocupado, não acho que estejamos em situação de catástrofe, ainda, mas estamos já em situação de rutura", lamentou.

O chefe de Estado falou após ouvir as intervenções de oito especialistas sobre a epidemia de covid-19, numa parte da reunião a que a comunicação social presente no local pôde assistir, numa outra sala do Infarmed, onde foram colocados dois ecrãs -- mas que, ao contrário do que aconteceu na anterior reunião, no Porto, não teve transmissão aberta através da Internet.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+