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Tancos. Azeredo Lopes diz em tribunal que PGR não o alertou para atuação paralela da PJM

17 nov, 2020 - 18:31 • Lusa

Azeredo Lopes reiterou, em tribunal, que a sua “implicação” no caso do achamento das armas furtadas dos paióis de Tancos é “esmagadoramente política” e que “nunca, por parte de quem tinha a coordenação da investigação, me foi dito que algo estava a correr menos bem”.

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O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, arguido no processo de Tancos, afirmou esta terça-feira que a ex-procuradora-geral da República nunca o alertou que a Polícia Judiciária Militar (PJM) estava a fazer uma investigação paralela ao furto das armas.

Azeredo Lopes respondia no julgamento do processo de Tancos, que decorre em Santarém, tendo reiterado que a sua “implicação” no caso do achamento das armas furtadas dos paióis de Tancos é “esmagadoramente política” e que “nunca, por parte de quem tinha a coordenação da investigação, me foi dito que algo estava a correr menos bem”.

“Nunca soube [antes de 18 de outubro de 2017] de qualquer investigação paralela por parte da Polícia Judiciária Militar. A senhora procuradora-geral da República, como coordenação da investigação, nunca se queixou. Aliás, depois do despacho até julgo que a PJM podia participar na investigação, levar a cabo diligências porque tinha um papel de colaboração institucional”, afirmou.

O ex-governante negou, mais uma vez, ter conhecimento ou ter autorizado a realização de uma investigação paralela da PJM ao arrepio da decisão da PGR, tornada pública por despacho, questionando que interesse pessoal ou institucional tinha nessa decisão.

Sobre o furto das armas, ocorrido em 28 de junho de 2017, Azeredo Lopes negou que se tivesse sentido “humilhado, incomodado ou afrontado” com o crime cometido, sentimentos que, para a acusação, poderiam ser motivos suficientes para encobrir as ações da PJM.

“Felizmente tenho mais com que me afrontar. A construção [da acusação] é uma efabulação. A ideia de um ministro humilhado, afrontado só serve para explicar a narrativa”, afirmou Azeredo Lopes, considerando que o crime ocorrido nos paióis “nem direta nem indiretamente lhe dizia respeito”.

O arguido disse ainda que, ao longo do tempo, desde o furto em junho de 2017 foi ficando “cada vez menos preocupado” com a segurança nacional, porque lhe tinham garantido que o material furtado mais perigoso “estava obsoleto” e que “se fosse manuseado podia até causar a morte a quem o manuseava”.

Azeredo Lopes contou também que o ex-diretor da Polícia Judiciária Militar e também arguido Luis Vieira nunca lhe pediu para interferir nas competências de investigação, tendo-lhe, contudo, manifestado o desagrado pelo facto de a PGR ter entregado o papel principal da investigação à Polícia Judiciária (PJ), passando a PJM a ter como função de “colaboração institucional”, negando porém que o militar lhe tivesse pedido para interferir ou inverter a situação.

Dez arguidos respondem em tribunal por associação criminosa, tráfico e mediação de armas e terrorismo, por envolvimento no furto do armamento e os restantes 13, entre eles Azeredo Lopes, dois elementos da PJM e vários militares da GNR, sobre a encenação/encobrimento que esteve na base da recuperação do material, na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

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