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"Temos de achatar a curva" - Conversas Cruzadas

Rui Moreira defende suspensão de visitas nos lares. “Temos de achatar a curva”

15 nov, 2020 • Inês Rocha


Presidente da Câmara do Porto pede ainda "medidas a fundo perdido" para os empresários, para garantir que, quando chegar a vacina, o tecido empresarial ainda existe. Rui Moreira, Fernando Medina e Nuno Botelho debatem no "Conversas Cruzadas".

O presidente da Câmara do Porto considera que as visitas nos lares de idosos deviam ser suspensas pelo menos durante 15 dias. No debate “Conversas Cruzadas”, da Renascença, com Fernando Medina e Nuno Botelho, Rui Moreira criticou a resposta dada pelas autoridades de saúde nos últimos meses, afirmando que “temos de tratar melhor os mais velhos”.

“Tivemos todo o verão para gerir a resposta aos mais velhos e isso não foi feito”, afirmou o autarca. “Sabíamos que vinha uma segunda vaga, sabíamos quem eram os mais vulneráveis. As fragilidades no sistema continuam a existir. O trabalho que tem sido feito é graças às Câmaras Municipais, que têm tentado resolver as questões”.

Para Rui Moreira, os lares “agora têm de ser uma prioridade absoluta”. "Era preciso haver um grupo de cuidadores disponíveis, porque muitos destes lares têm o seu pessoal infetado. A Segurança Social devia ter atuado de maneira diferente", critica.

Apesar das críticas, Rui Moreira considera que as medidas de confinamento parcial anunciadas pelo Governo são positivas, no sentido de “achatar a curva”, e que as autoridades “arrepiaram caminho”, depois de muitas mensagens contraditórias.

Também o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, elogiou a opção do Governo.

“A medida dos confinamentos parciais parece-me essencial. Apesar de todo o esgotamento, de todo o cansaço que já sentimos e de todas as mazelas que o tecido social e económico apresenta, as pessoas estão-se a mobilizar”.

Também Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, vê as coisas a “correr bem” no que diz respeito à resposta da população.

“Os portugueses são civicamente muito aptos”, disse o jurista, na Renascença.

“Temos de uma vez por todas achatar a curva, precisamos de mensagens claras e de manter a atividade económica a funcionar”, acrescentou.

Sobre a possibilidade de adotar medidas diferentes em cada concelho, em função do número de casos, Fernando Medina considera que a prioridade deve ser a contenção da pandemia.

“A prioridade deve ser a eficácia e não uma gestão muito micro, "o meu município tem este número, aquele está pior". Já percebemos que nada disso interessa. As pessoas circulam. Percebo que tem de haver uma diferença, uma coisa é ter 3 mil infetados e outra é 240. Ainda assim, o sentido geral tem de ser de contenção da pandemia”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa.

"Medidas a fundo perdido são essenciais neste momento"

Rui Moreira elogiou o ministro da Economia pela conferência de imprensa deste sábado, que considerou "muito clara".

"Há muitos empresários, comerciantes que não sabem aquilo a que têm direito. É inacreditável como não se explica os apoios de forma simples às pessoas. Saúdo o ministro da Economia e a forma como o governo está a tentar, nessa matéria, resolver".

O presidente da Câmara do Porto considerou ainda que são essenciais, neste momento "medidas a fundo perdido".

"Chegando a vacina esperamos que, lá para março, possamos voltar a crescer e temos de o fazer com base no tecido económico. Se não tivermos empresas, não vamos poder arrancar de novo", lembrou Rui Moreira.

As empresas "já não aguentam" mais endividamento, concordou Nuno Botelho. "O meu maior receio é que as medidas possam endurecer, que as escolas fechem e voltemos todos para casa".

A economia portuguesa não aguentará um novo confinamento, concluiu o presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Porto.

O acordo PSD-Chega

Sobre o acordo do PSD com o Chega nos Açores, Fernando Medina deixou críticas aos social-democratas.

"Quebrou-se uma barreira que o sistema democrático criou desde o 25 de abril, a barreira de impedir o alargamento a forças extremistas, xenófobas, racistas na sociedade portuguesa. É isso que o Chega é".

Medina considera que o PSD está a legitimar o partido de André Ventura e que, ao dizer que é possível negociar, o coloca como parceiro em pé de igualdade.

Pelo contrário, Nuno Botelho considerou que "quem legitimou o Chega foram os açorianos que votaram no partido".

"Falar em direitos humanos quando o PCP apoia o regime de Nicolás Maduro... parece-me estranho que o PS tenha aberto caixa de pandora em 2015 e agora se esteja a queixar", atirou Botelho.

Rui Moreira optou por não se pronunciar sobre a opção do PSD. Ainda assim, deixou uma mensagem aos partidos tradicionais.

"O que seria mais importante era que os partidos tradicionais fossem capazes de arrepiar caminho e conseguir que as pessoas que se sentem atraídas pelas franjas voltem a encontrar no coração do sistema democrático uma resposta adequada."

"Da minha parte não diabolizarei eleitores, considero que a esmagadora maioria que dizem que vão votar no Chega é por sentirem excluídas", afirmou o autarca.

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