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Delmino Pereira

Europeu de pista "em cheio" dá mais corpo a uma geração de ouro do ciclismo português

16 nov, 2020 - 09:00 • Inês Braga Sampaio

O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, explica como cada geração inspira a seguinte para fazer melhor e espera que os bons resultados levem a mais apoios para a modalidade, que ainda tem por onde crescer.

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O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo considera que os resultados históricos no Campeonato da Europa de pista de Plovdiv, na Bulgária, são reflexo de uma nova era do ciclismo nacional.

A competição terminou no domingo, com tempo para Ivo e Rui Oliveira juntarem uma medalha de prata às outras cinco já conquistadas, duas das quais de ouro.

Uma participação histórica também porque os quatro atletas da seleção nacional medalharam. Em entrevista à Renascença, Delmino Pereira regozija com a prestação portuguesa, “num ano particularmente difícil para Portugal e para toda a Europa”.

“Conseguimos levar os nossos melhores especialistas e conseguimos resultados históricos. Foi a primeira vez que conseguimos dois títulos europeus na categoria Elite. Foi um Europeu em cheio. Os nossos atletas e equipa técnica estão de parabéns, é uma aposta ganha. Estes resultados, com atletas ainda bastante jovens, homens e mulheres, significam que estamos na linha daquilo que podemos chamar o novo ciclismo, o ciclismo olímpico, cada vez mais internacional, mais ambicioso e mais global. Estamos numa nova era do ciclismo português", declara.

O dirigente assinala que “a pista em Portugal tem praticamente dez anos de existência”. Foi dinamizada, principalmente, pela construção do Velódromo Nacional, em Sangalhos, que “abriu os horizontes” a uma nova geração e lançou o país para a “primeira divisão do ciclismo nacional”.

Ciclistas jovens a brilhar e mais a caminho


Delmino Pereira atenta na idade dos quatro atletas em prova, todos menores de 25 anos, para garantir que esta “fase muito positiva do ciclismo português” tem tudo para ser duradoura:

“Os bons resultados do Rui Costa, do Nelson Oliveira, do Sérgio Paulinho e muitos outros corredores fez com que estes jovens também tivessem a ambição de internacionalizar as suas carreiras. Conjugado com uma melhoria da qualidade dos treinadores e das nossas infraestruturas desportivas, com um bom e bem cuidado recrutamento de atletas, e uma boa gestão de carreiras, tem proporcionado que estes atletas estejam de facto bem posicionados. Este ano, tivemos muitos e bons resultados e perspetiva-se que continuem, porque os atletas são todos jovens."

O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo acredita que a própria geração atual, de João Almeida, "que agora é a principal figura do ciclismo português", e de Rúben Guerreiro, "rei da montanha" na Volta a Itália, "já está a desafiar uma outra geração que virá a seguir".

Vitórias também ajudam financeiramente


Para Delmino Pereira, o grande desafio da Federação Portuguesa de Ciclismo é ter capacidade de corresponder às expectativas dos mais jovens e poder continuar a dar-lhes oportunidades para brilharem. Algo dificultado pelo facto de Portugal ser um país da periferia europeia:

"Levar frequentemente estes jovens, através das seleções nacionais, a estes palcos internacionais é dispendioso. Estarmos a viver momentos muito difíceis na frente económica e não sabemos bem como será o financiamento de todo o desporto no futuro. O maior desafio é termos um caminho para percorrer e termos capacidade financeira para o fazer."

Nesse sentido, os bons resultados são positivos, não só pelo prestígio, mas também pela atenção que granjeiam. O líder federativo espera que estes "resultados inspiradores e desafiantes" atraiam mais apoios, apesar da crise económica provocada pela pandemia da Covid-19.

"É a evolução natural. Sempre que uma modalidade tem mais sucesso, o financiamento cresce um pouco. O desafio é a conjuntura que estamos a viver, que pode não corresponder na proporcionalidade aquilo que são as nossas necessidades. Mas obviamente que estes bons resultados fazem com que haja um incremento no financiamento", reconhece.

Uma equipa de quatro para os Jogos de Tóquio


Em 2021, realizam-se os Jogos Olímpicos de Tóquio. Portugal vai levar uma seleção de quatro elementos: dois homens a escolher para as provas de estrada e de contrarrelógio individual, Maria Martins para a pista e Raquel Queirós para o "cross country".

Delmino Pereira não fala em conquistar medalhas, mas confia numa participação positiva.

"É uma seleção pequenina de dois homens e duas mulheres, quatro atletas de grande nível. Nas mulheres, a seleção está mais ou menos adiantada, em termos de homens temos um lote de cinco ou seis corredores excelentes. Na categoria elite, teremos uma participação de excelente qualidade. Na pista e no cross, iremos trabalhar para que as nossas atletas se apresentem ao mais alto nível", afiança.

Portugal venceu duas medalhas de ouro (Ivo Oliveira em perseguição individual e Iuri Leitão em scratch), duas de prata (Ivo e Rui Oliveira em madison e Iuri Leitão em eliminação) e duas de bronze (Maria Martins em eliminação e Iuri Leitão em omnium), no Europeu de pista.

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