15 nov, 2020 - 17:52 • Teresa Almeida , Fábio Monteiro
O Centro Hospitalar do São João confirmou à Renascença que, nesta altura, existe apenas uma vaga no serviço ECMO - destinado aos doentes dos cuidados intensivos.
Segundo Nélson Pereira, diretor da Unidade de gestão da urgência e medicina intensiva do Hospital de São João, a maioria dos doentes neste serviço são pacientes em estado crítico e com Covid-19.
“Nós temos 17 doentes em ECMO, ainda temos uma vaga. A gestão é feita diariamente. Há doentes que entram em ECMO e há doentes que saem. Portanto, isso é o normal no dia a dia numa unidade de cuidados intensivos e de um hospital. É neste deve e haver que se faz a gestão diária dos recursos”, diz.
Porém, Nelson Pereira recusa que exista qualquer rotura no serviço, até porque o tratamento destes doentes pode ser feito noutro centro de referencia do país.
“Houve quatro doentes que foram transferidos nos últimos dias e já tinha havido um outro doente no início da semana. É um processo normal, que vemos com naturalidade. A rutura só existe quando há um doente que precisamos de tratar e não somos capazes. Portanto, nesse sentido, não há rutura. Não existe rutura enquanto os doentes conseguirem ser tratados”, afirma.
Os doentes agora internados no ECMO, do serviço de cuidados intensivos do São João, são de vários pontos do norte do país. “São de várias origens. De Bragança, de Viana do Castelo, de Matosinhos, do Hospital de Santo António, de Penafiel. Por isso é que o Hospital de S. João é um hospital de referência”, conta.
O especialista admite que a pressão é enorme sobre os cuidados intensivos. E que assim deverá continuar nos próximos dias, o que torna a situação preocupante.
“Se virmos a curva de crescimento dos doentes em cuidados intensivos, ela não nos deixa qualquer tipo de dúvida. De anteontem para ontem, foram mais de 20 doentes que foram admitidos em cuidados intensivos, ao nível nacional”, diz.
Para já, só são esperadas melhorias para dentro de três semanas. O confinamento parcial pode vir a aliviar a pressão sobre os cuidados de saúde, mas só no final do mês poderá ser visível esse alivio.
“Mesmo que estas medidas restritivas venham a ter um efeito muito positivo, do ponto de vista dos hospitais e das unidades de cuidado intensivo, vamos ter que aguardar duas ou três semanas para ver essa luz ao fundo do túnel”, conta.