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D. José Ornelas: «O sofrimento e a morte não podem ser confinados»

14 nov, 2020 - 13:58 • Ecclesia

Eucaristia pelas vítimas da pandemia, em Fátima, reuniu bispos e autoridades nacionais, evocando famílias, profissionais da saúde, investigadores e cuidadores

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O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que a atual pandemia deve reforçar o “apreço” da sociedade pela vida, multiplicando esforços na sua defesa.

“A crise tem-nos mostrado que o sofrimento e a morte não podem ser confinados e que só juntos, com o esforço e a responsabilidade de todos podemos construir um mundo aceitável para todos, em que nos cuidemos mutuamente. Assim como a dimensão do sofrimento e da morte são universais, assim também deve ser a defesa e o cuidado dela”, referiu D. José Ornelas, na homilia da Eucaristia pelas vítimas da Covid-19, a que presidiu na Basílica de Santíssima Trindade.

A celebração contou com a presença de 20 bispos católicos; do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; do primeiro-ministro, António Costa; e de várias entidades públicas que se quiseram associar a esta homenagem de oração pelas vítimas, diretas ou indiretas, da pandemia

A iniciativa, explicou o presidente da CEP no início da Missa, quis “recordar os irmãos que partiram”, num momento de oração.

D. José Ornelas apelou, na sua homilia, a uma mobilização incondicional da sociedade para defender a vida “com responsabilidade, competência e generosidade”.

“A pandemia que está a condicionar todo o planeta coloca-nos diante da evidência do dom precioso que é a vida humana e de todas as capacidades de que somos capazes para a defender, mas igualmente da fragilidade do nosso ser individual”, apontou.

O bispo de Setúbal rezou por “aqueles que partiram como vítimas diretas e indiretas da pandemia”, sublinhando que eles não são “números de uma estatística”.

Numa alusão indireta ao processo legislativo que visa a legalização da eutanásia, o presidente da CEP elogiou o “quanto a sociedade está disposta a investir” para defender e apoiar a vida, “embora, tantas vezes, não seja coerente com esses objetivos”, pedindo “proximidade e verdadeira misericórdia para com a fragilidade”.

“Se aprendermos desta epidemia a cuidar uns dos outros e juntos deste mundo, teremos feito justiça e boa memória dos que partiram e dos esforços de quantos os acompanharam na última etapa da vida nesta terra”, acrescentou.

A homilia destacou a figura bíblica de Job, como exemplo de fé diante do sofrimento, alguém que “percebe que a vida é um dom absoluto e não apenas uma conquista”.

“Esta é a dupla mensagem que Job nos deixa: investigar, procurar, interrogar-se, cuidar; e, ao mesmo tempo, confiar e abrir-se a um mundo onde só pode ser conduzido pela mão poderosa e carinhosa de Deus”, indicou D. José Ornelas.

O bispo de Setúbal comentou também a passagem do Evangelho relativa à ressurreição de Lázaro, para deixar uma mensagem de esperança às famílias enlutadas, nestes meses de pandemia.

Durante a celebração, os participantes rezaram para que os responsáveis políticos “promovam medidas justas, de caráter sanitário, social, económico, cultural e espiritual, que permitam levar esperança a toda a sociedade”.

No final da Missa, D. José Ornelas pediu que todos sejam “respeitadores e propagadores de vida”.

“Que possamos levar sempre o sinal da esperança, de que Deus é maior do que todas as nossas crises. Com Ele, nós venceremos também esta”, concluiu

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