11 nov, 2020 - 17:06 • José Pedro Frazão
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O social-democrata Paulo Rangel revelou esta quarta-feira que Rui Rio pediu a António Costa em privado a adoção de medidas mais duras e há mais tempo para travar a pandemia de Covid-19.
O eurodeputado do PSD não compreende as palavras do primeiro-ministro, que reconheceu esta semana que o Governo foi surpreendido com a chegada antecipada da segunda vaga pandémica a Portugal.
“Isto não apanhou ninguém de surpresa. O primeiro-ministro sabe que o PSD e em particular o seu líder, sigilosamente nos encontros entre os dois, chamou a atenção várias vezes de que se deviam tomar medidas mais cedo. E porventura medidas mais duras”, adianta Rangel no “Casa Comum” da Renascença, programa desenvolvido em parceria com a Euranet – Rede Europeia de Rádios.
Rangel diz que o Governo está a gerir a pandemia de forma “verdadeiramente caótica”, chamando ainda a atenção para “protestos sistemáticos” que sinalizam a falta de adesão dos portugueses às explicações do Governo. O dirigente social-democrata critica duramente a estratégia de comunicação do primeiro-ministro ao longo das últimas semanas.
“Uma hora e meia de conferência de imprensa é confundir toda a gente. À meia-noite, no início do Estado de Emergência, o primeiro-ministro faz uma comunicação ao país onde apresenta medidas que nunca tinham sido faladas. Até podem ser justificadas, mas são apresentadas pela calada da noite com imensa confusão, ainda hoje sem se saber bem quais são as exceções”, denuncia Rangel.
Em resposta, José Luis Carneiro, secretário-geral-adjunto do PS, lembra que não há normas que não tenham exceções, plenamente ponderadas pelo Executivo liderado por António Costa.
“A exceção confirma a regra. Toda a informação é necessária e é preciso adequar as medidas, de forma limitada no tempo e proporcional às necessidades, a circunstâncias e contextos muito concretos. É isso que justifica as exceções às normas de caráter geral”, contrapõe o número dois do aparelho socialista na Renascença.
O deputado do PS pede apoio a todas as forças políticas numa situação que merece um esforço hercúleo do Governo, sublinhando o reforço de ventiladores, número de camas em unidades de cuidados intensivos, atendimentos, pessoas em vigilância e em testes.
“As questões não são estritamente de comunicação. Todos reconhecem que estamos a construir conhecimento sobre os acontecimentos. É preciso termos posições muito ponderadas”, remata José Luis Carneiro.