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Americanos em Portugal divididos. Qual o melhor candidato a presidente nos EUA?

03 nov, 2020 - 10:01 • João Cunha

Os norte-americanos escolhem hoje o próximo presidente, quando as sondagens dão vantagem ao Joe Biden. A Renascença foi saber como estão a viver este momento alguns americanos radicados em Portugal.

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É difícil esgrimir argumentos entre apoiantes de Trump e de Biden. Defendem o que consideram ser essencial para um presidente norte-americano e apontam as mais valias de cada um. Assim como alguns defeitos. E esperam que seja o seu candidato a vencer. Por diferentes motivos.

Há décadas que Barbara Friedhoff vive em Portugal. Fez parte da orquestra Gulbenkian – onde foi primeira viola d´arco - e agora está reformada. Segue atentamente a campanha para as presidenciais através de um canal de televisão conhecida pelo apoio que manifesta a um dos candidatos.

“Nos temos em casa o canal Fox Noticias e estamos sempre a ver noticias sobre Trump. Às vezes, às três da manhã, levantamo-nos para ver programas. Donald Trump é um bom presidente e espero que ganhe. Estou a rezar por isso. Todos os dias.” Mas admite que “será necessário um milagre”, porque a América está dividida: 50/50.

Ao lado de Bárbara está o marido, James Ross, para quem há assuntos importantes em análise na campanha para estas eleições. Mas o racismo não é um deles. “A América não é um país de racismo sistémico. Tivemos um presidente negro e uma guerra civil para acabar com o racismo e a escravidão. É tudo uma mentira da esquerda.”

Ambiente, economia, impostos, direito à saúde e imigração, são outros temas marcantes. Contudo, “o assunto mais importante – e nós somos católicos – é o direito à vida. E Trump é contra o aborto”.

Já o candidato democrata não é fiável nesta matéria, sublinha Ross. “Joe Biden é um hipócrita. É um católico pró-aborto. Adora tirar fotografias todas as quartas-feiras de cinzas. Adora recordar que é um católico irlandês. Mas é pró-aborto, pró casamento homossexual, pró-eutanásia… Tudo!”

“Trump tem um cabelo engraçado”, lembra Ross, “gaba-se muito, tem uma história muito má. Há muitas coisas nele que as pessoas não gostam. Mas isso não tem interesse nenhum. O direito á vida interessa, tal como proteger a nossa e cultura. Tal como dizer a verdade sobre a nossa história. E proteger a economia.”

Os argumentos dos pró-Biden

Hunter Halder, norte-americano criador do Movimento Refood, acredita que o que fez eleger Trump, há quatro anos, foi a vontade de mudança.

“Muita gente votava a favor de uma pessoa fora da política. Para que houvesse uma interrupção do status quo. O desgosto pela política é normal, mas leva as pessoas a votar erradamente.”

Mas quatro anos passados, há uma razão que considera mais do que suficiente para retificar esse voto. “A incompetência, negligência e má gestão da pandemia. É uma coisa que vai marcar, historicamente. Não há justificação para não haver um plano nacional de combate ao coronavírus. Não há justificação para ter tantas mortes, quando temos 5% da população mundial e 25% do total de mortos, a nível global.”

Para Hunter, estão à vista as “políticas negligentes e criminosas” que conduziram à atual situação da pandemia nos Estados Unidos. E chegou a hora de retificar o voto de há quatro anos.

Quase completamente desligado da campanha esteve o escritor Richard Zimler, também radicado há vários anos em Portugal.

“Não consigo ver a cara de Trump ou ouvir um discurso dele sem ficar muito preocupado e perturbado. Porque pode ser reeleito e isso seria um desastre para os Estados Unidos.”

Zimler explica-se: Trump “é um homem sem consciência. Sem qualquer compreensão de valores como compaixão, empatia, solidariedade. É um sociopata – e eu não utilizo essa palavra de forma ligeira. Clinicamente, é um doente mental, sem consciência de que tudo o que faz é virado para o eu, eu eu…”

Acrescenta ainda que o atual presidente dos Estados Unidos “é um homem que valoriza a ignorância, a mentira, que não acredita na ciência e que está a minar todas as nossas instituições democráticas. E estou preocupado porque os Estados Unidos podem transformar-se numa espécie de semi-ditadura”.

E assim, a América como farol de uma política progressista acabou. “É o fim de uma época”.

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