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Pandemia de Covid-19

Mais restrições? Deve “haver um ajustamento à realidade do local”, diz Ricardo Mexia

31 out, 2020 - 12:14 • Marta Grosso , Hugo Monteiro (entrevista)

Presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública reconhece lógica nas medidas que o Governo se prepara para tomar. Sobre as restrições deste fim de semana, diz que as deslocações entre concelhos seguramente “não são a questão que se coloca”.

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As medidas a tomar para abrandar a expansão da pandemia de Covid-19 devem ser ajustadas a cada local. Em declarações à Renascença, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública defende a identificação dos pontos mais vulneráveis.

“Julgo que tem de haver um ajustamento à realidade epidemiológica do local. O que se está a passar agora, por exemplo, em Paços de Ferreira é seguramente diferente do que se está a passar se calhar em Beja ou em Faro ou na Guarda”, sustenta.

“Em relação ao recolher obrigatório, se o problema é o facto de as pessoas estarem a reunir-se em casas, a fazer almoços ou jantares, talvez evitar depois que haja deslocação possa reduzir a probabilidade de um evento desse género”, defende.

Dando o exemplo deste fim de semana, Ricardo Mexia considera que, “se a questão era as reuniões de família ou as idas aos cemitérios, era produtivo encontrar soluções para ambas essas realidades e não a passagem entre concelhos, que seguramente não é a questão que se coloca”.

“Seguramente, é preciso ter aqui uma preocupação de identificar onde é que as pessoas se estão a infetar, identificar essas vulnerabilidades, conseguir depois intervir diretamente sobre os problemas”, defende.

Mas restringir não basta. É preciso também reforçar a capacidade de resposta e garantir uma comunicação mais eficaz.

“Se calhar temos de capacitar melhor o sistema para responder e reforçar aquilo que é a nossa capacidade de interromper cadeias de transmissão, reforçar aquilo que é a nossa capacidade de transmitir informação às pessoas, para que elas adotem comportamentos mais seguros e mais saudáveis”, aponta.

“A lógica das restrições não é a única solução, tem de ser uma lógica complementar com diversas abordagens”, afirma Ricardo Mexia.

Portugal atingiu, na sexta-feira, novos recordes de número diário de casos de Covid-19, mortes associadas à doença e número de pessoas internadas nos cuidados intensivos (275).


Em entrevista à Renascença, o presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva apela à tomada urgente de medidas, pois “não há nenhum sistema no mundo que consiga responder a estas solicitações todas ao mesmo tempo” (Covid e não Covid).

João Gouveia defende “medidas equilibradas, justas, transparentes e iguais para todos” e sugere, como “essenciais”, ações como “a proibição de ajuntamentos, o uso sempre que possível do teletrabalho, evitar todos os aglomerados e o uso de máscaras em todas as situações”.

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