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Quem consegue poupar deve ajudar a economia a mexer, diz especialista

30 out, 2020 - 10:36 • Marta Grosso com redação

O Dia Mundial da Poupança assinala-se no sábado. Numa altura em que muitos fazem contas à vida, a Renascença ouviu o coordenador do Observatório Crises e Alternativas.

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Se a crise pandémica trouxe dificuldades a muitas famílias e empresas, para outras surgiram oportunidades de negócio com bons resultados.

“Temos aqui situações muito diversas”, começa por dizer José Reis, economista da Universidade de Coimbra e coordenador do Observatório Crises e Alternativas.

“Evidentemente, há um conjunto muito significativo de famílias afetadas no seu rendimento. Essas famílias vão poupar, porque estão em sérias dificuldades de sobrevivência”. Já aqueles cujo nível de rendimento não se alterou, “vão poupar mais”, porque “viaja-se menos, consome-se menos, sai-se menos”, descreve.

Na véspera do Dia Mundial da Poupança – criado com o objetivo de consciencializar as pessoas acerca da necessidade de disciplinar gastos e amealhar, de forma a evitar situações de sobreendividamento – e numa altura em que as previsões não são as mais favoráveis, aqueles que mantêm margem para poupar podem ajudar.

Convidado do programa As Três da Manhã, José Reis explica que, quem tenha poupanças, deve ter a possibilidade de investir.

“Aquilo que se pede às famílias, às empresas e, evidentemente, ao Estado é uma ação o mais positiva possível. Quem tenha poupanças – e, sobretudo, quem possa mobilizar recursos – deve ser chamado a uma ação positiva sobre a sociedade e sobre a economia que é a da realização de investimento”, defende.

Ou seja, é importante ajudar a economia a mexer.

Da parte do Estado, o coordenador do Observatório Crises e Alternativas defende estímulos às empresas, para que elas possam exercer a sua “responsabilidade moral e, sobretudo, económica de investirem – desde logo em formas de organização dos processos de trabalho que permitam melhorar os rendimentos”.

“Por exemplo, pagar bons salários é uma forma de investimento”, sublinha. Tal como “criar mais emprego. Isso significa investimento”, acrescenta.

As empresas podem, assim, “retribuir melhor e aumentar a procura; estão a pôr rendimento na economia”, explica o economista, para quem esta “é uma responsabilidade de investimento e de uso da poupança por parte daquelas empresas que estão numa situação não tão complicada ou até favorável do ponto da economia e comparado com outras, face à pandemia”.

A ideia de criar o Dia Mundial da Poupança surgiu em outubro de 1924, durante o primeiro Congresso Internacional de Economia, em Milão. A data foi comemorada pela primeira vez um ano depois, em Itália, pelo Instituto Mundial de Bancos de Poupança.

Na opinião de Cláudio Santos, especialista em finanças pessoais e familiares, “a altura ideal para poupar é entre o dia 1 de janeiro e o dia 31 de dezembro”. Deve ser “uma rotina” igual às outras “que fazemos já quase sem pensar”.

Veja mais dicas aqui.

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  • Cidadao
    30 out, 2020 Lisboa 14:13
    E quem consegue fazê-lo, numa altura em que os salários são tão baixos, tão baixos, que as pessoas até desistem de procurar emprego pois são sempre "brindadas" com salário mínimo ou abaixo dele, e sobrevivência por sobrevivência, mais vale ir ao Banco alimentar e aos apoios da Segurança social, que vem a dar no mesmo, e pelo menos não têm de aturar um patrão explorador sempre a exigir mais e mais, sem dar nada em troca.

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