28 out, 2020 - 21:56 • Teresa Almeida
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As razões para a “explosão” de casos de Covid-19 no Norte do país são, essencialmente, de ordem geográfica e não tanto comportamental, embora também as haja. A explicação foi avançada à Renascença pela médica Teresa Leão, especialista em saúde pública.
A região norte é muito industrial, com menos capacidade para o teletrabalho. Tem maior mobilidade entre concelhos e também uma maior concentração de escolas e universidades, explica Teresa Leão.
“A densidade populacional, o nível de mobilidade de um local para o outro, o tecido empresarial em que as pessoas não podem fazer teletrabalho são fatores que aumentam o risco. Também temos concelhos que são mais jovens do que outros do interior de Portugal e que faz com que haja uma concentração de alunos nas escolas. Esse poderá ser também um fator.”
Terá havido também um esquecimento das regras básicas de saúde pública no regresso ao novo normal, sobretudo, no início de setembro, segundo esta especialista.
Ainda que os modelos matemáticos sejam “como as pr(...)
“O próprio comportamento das pessoas tem um fator de esquecimento. Em setembro e outubro, as pessoas talvez já não se lembrassem do início da pandemia na região Norte e facilitaram esses comportamentos”, refere Teresa Leão.
Perante este cenário, haverá já nesta altura uma alteração de comportamentos? Teresa Leão admite que, nesta altura e perante o aumento significativo de novos casos, o comportamento da população do Norte estará já a mudar, até porque isso pode ser visto já nos mapas de mobilidade.
Para esta investigadora da Escola de Saúde Pública do Porto, mais do que medidas restritivas é preciso continuar a esclarecer e a informar muito mais a população sobre os seus direitos e deveres perante esta doença.
Medida seria destinada aos alunos do secundário e (...)
A esta ponto da pandemia, a maioria dos portugueses já sabe que deve manter o distanciamento social, usar máscara e desinfetar as mãos, mas tudo se torna mais difícil se a população não tiver motivação para olhar para esta doença com menor preocupação, sobretudo ao nível financeiro. A perda de rendimentos e o difícil acesso aos cuidados de saúde complica as contas, sublinha.
É aqui, nesta motivação, que está a questão. Sem garantir à população rendimento adequado, mesmo doente e acabar com a burocracia dos serviços de saúde, para justificarem a doença, não será possível parar esta pandemia, afirma Teresa Leão.
Desde o passado dia 8 de outubro que os números de novos casos de Covid-19 têm sido maiores a Norte do que no resto pais.
Esta quarta-feira - e desde o início da pandemia - os números globais são mais elevados na região Norte do que em Lisboa e Vale do Tejo.