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Turquia reage a caricatura de Erdogan no “Charlie Hebdo”

28 out, 2020 - 11:54 • Lusa

“Em privado, ele é muito divertido”, é o título do desenho que não agradou a Ancara. Em 2015, quando o mundo inteiro escrevia “Je suis Charlie” nas redes sociais, Erdogan ficou à margem e criticou o que chamou “a hipocrisia da Europa”.

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A Turquia anunciou nesta quarta-feira que vai tomar medidas “judiciais e diplomáticas” após a publicação, pela revista satírica francesa “Charlie Hebdo”, de uma caricatura do Presidente Recep Tayyip Erdogan.

Num comunicado, o gabinete de comunicação da Presidência turca precisou que as ações “serão tomadas contra a referida caricatura”.

Após esta declaração, a procuradoria de Ancara anunciou a abertura de um inquérito contra os dirigentes da “Charlie Hebdo”.

A revista satírica divulgou na terça-feira à noite, nas redes sociais, a primeira página do seu último número com uma caricatura do presidente turco.

Sob o título “Erdogan – Em privado ele é muito divertido”, vê-se o Presidente turco sentado num sofá, de t-shirt, roupa interior e bebida de lata na mão, enquanto levanta a saia de uma mulher com véu, que não usa roupa interior, e exclama: “Ai! O profeta”.


A Presidência turca considera que a “caricatura abjeta” reflete uma “hostilidade contra os turcos e o islão”, pelo que a condena “com a maior firmeza”.

O caso ocorre num contexto de crise diplomática entre a Turquia e a França, dois países membros da NATO.

Na segunda-feira, Erdogan apelou aos seus cidadãos para boicotarem os produtos franceses, dias depois de Paris ter chamado o seu embaixador em Ancara, após o Presidente turco ter questionado a “saúde mental” do seu homólogo francês.

A Turquia reprova o apoio que o Presidente Emmanuel Macron exprimiu em relação à liberdade de caricaturar o profeta Maomé, numa homenagem a um professor francês decapitado por um extremista islâmico por ter mostrado caricaturas daquele profeta numa aula.

Em 2006, a “Charlie Hebdo” reproduziu cartoons sobre o profeta Maomé – como outros jornais europeus – para defender a liberdade de imprensa após a publicação desses mesmos desenhos por um diário dinamarquês, que suscitou a cólera de muitos muçulmanos.

Em 2015, o título satírico francês foi alvo de um atentado, que causou 12 mortos, incluindo alguns dos seus principais caricaturistas. Nessa altura, o Presidente Erdogan criticou a reação europeia, que classificou de hipócrita.

Dois minutos para recordar o ataque ao Charlie Hebdo
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